World on a string – A musical memoir – John Pizzarelli

World on a string – A musical memoir – John Pizzarelli

 

O guitarrista, cantor e compositor americano John Pizzarelli, acaba de lançar nos Estados Unidos, seu livro de memórias musicais e apesar de ainda não estar traduzido para o português (e de nem ter planos para tal), merece ter por aqui um grande destaque.
Primeiro, pela sua história musical bem consistente, próspera e diversificada e segundo, por ter sido contada por ele mesmo, como grande protagonista, tendo a companhia do seu amigo escritor, compositor e radialista de NYC, Joseph Cosgriff. A obra foi lançada com 282 páginas em quinze capítulos pela Editora Lincoln Center – Wiley (John Wiley & Sons, Inc.) e logo na primeira página do livro, podemos ver uma incrível foto de John ao lado do seu pai, grande responsável pela sua carreira, o genial e simpático guitarrista Bucky Pizzarelli, que nos dias atuais com mais de 80 anos, se apresenta e grava regularmente com uma energia e vitalidade que muitos jovens não possuem. Pude constatar isso pessoalmente, quando tive o raro privilégio de conhecê-lo em sua primeira vinda ao Brasil, alguns anos atrás em Ouro Preto. Um momento que guardarei para sempre, e que foi dividido com o seu outro filho músico, que o acompanhava na oportunidade, o querido amigo contrabaixista Martin Pizzarelli.
Com mais de trinta anos de carreira, sua discografia já ultrapassou a notável marca de trinta lançamentos, além de inúmeras participações especiais ao lado de grandes artistas. Ouso dizer que é um dos artistas da cena do Jazz mais produtivos da atualidade. Ele lança um disco de carreira a cada ano, acompanhando as necessidades do mercado de qualidade. E todos os seus lançamentos alcançam excelentes resultados junto à crítica especializada e também junto ao público que consome a boa música. Aqueles, que como eu, dão valor ao agradável momento de abrir o plástico que envolve um novo Cd, para depois devorar o encarte. Sentir o cheiro, abusar no tato, na visão, aguçando todos os sentidos. Nada contra a baixar suas músicas preferidas pelo computador, mas para mim, nada se compara ao ritual da abertura de um novo disco. É indescritível e sei que muitas pessoas também sentem este prazer musical. Que espero que não desapareça no tempo.
John Pizzarelli teve em sua casa por conta de seu pai a presença de diversas celebridades do Jazz e da música e não poderia ser outro, o seu caminho/destino profissional. E em sua carreira esteve ao lado de Frank Sinatra (para quem abriu uma turnê), Tony Bennett, Freddy Cole, Rosemary Clooney, Diana Krall, Benny Goodman, Joe Pass, James Taylor e mais recentemente Paul McCartney. Uma lista infindável de parcerias muito interessantes, que lhe trouxeram muita bagagem e sabedoria.
A única ressalva são as raras citações do Brasil, apesar de John ser um freqüentador assíduo do nosso país. Nestes últimos dezesseis anos ele esteve regularmente por aqui e no meu íntimo esperava encontrar algumas passagens brasileiras e até santistas, afinal ele nos visitou por três vezes e as histórias vividas foram intensas e inesquecíveis. Lembro de algumas: o seu primeiro show no Teatro Coliseu que durou mais de duas horas e meia, as agradáveis hospedagens e jantares no Mendes Hotéis, os churrascos regados a três caipirinhas “de morango” (que viraram marca registrada nos seus shows) na Tertúlia, a canja mais que inusitada no Terraço Chopp, o memorável show do Mendes Hotéis (no melhor estilo de NYC) que beneficiou o Educandário Santista e o Albergue Noturno, a minha entrevista ao vivo com ele nos estúdios da saudosa Litoral Fm, a histórica visita a Vila Belmiro (estádio, vestiários, sala de imprensa, memorial das conquistas) e tantas outras histórias que mereceriam um outro livro. Podem acreditar. Um livro direcionado e obrigatório para os amantes do Jazz..

 

 

The Oscar Peterson Quartet – “A Tribute To My Friends”

 


Em 1983, quatro gênios do Jazz se reuniram num estúdio na Berkeley e nos deram de presente esta verdadeira obra prima musical com nove faixas, lançada pelo selo Pablo.
Falo de Oscar Peterson (piano), Joe Pass (guitarra), Neils-Henning Orsted Pedersen (contrabaixo) e Martin Drew (bateria). Uma formação genial, que conseguiu apresentar uma seleção de clássicos de tirar o fôlego.
O canadense Oscar Peterson liderou este tributo aos seus grandes amigos, relembrando suas parcerias com Louis Armstrong, Ella Fitzgerald, Billie Holiday, Sarah Vaughan, Lester Young, Coleman Hawkins, Ben Webster, Dizzy Gillespie, Count Basie entre tantos outros grandes nomes do Jazz que ele teve a felicidade de ter ao seu lado nos palcos e estúdios. Uma unanimidade em seu instrumento e um dos pianistas mais importantes da história.
O repertório marca os improvisos com muito swing de Peterson, além da sua força e vitalidade de seu toque, sempre inconfundível. Destaco os temas “Blueberry Hill”, “Sometimes I’m Happy”, “Birk’s Works”, “Cottontail”, “Lover Man”, “A Tisket. A Tasket” e “Now’s The Time”.
As participações do guitarrista Joe Pass e do virtuoso contrabaixista dinamarquês Neils-Henning Orsted Pedersensen não podem passar em branco. Simplesmente absurdos seus solos e as suas intervenções no disco.
E para encerrar, a referência ao selo Pablo Records, criado no ano de 1972 por Norman Granz depois que ele vendeu o selo Verve, e que têm em seu catálogo verdadeiras preciosidades que devem ser redescobertas. E para nossa sorte, alguns destes discos do catálogo estão sendo relançados atualmente, todos remasterizados e com uma sonoridade absurda e real. Assim como se tivessem sido gravadas nos dias de hoje, com toda a tecnologia disponível, mas sem perder a sua essência e originalidade.
 


Ella Fitzgerald & Joe Pass – “Sophisticated Lady”

Mais dois gênios reunidos, só que desta vez nos palcos. Em Tokyo no ano de 1983 e em Hamburgo no ano de 1975. Ao vivo e de forma bem intimista Ella & Pass gravaram quatorze temas, curiosamente divididos em dois momentos diferentes. Nem por isso, o disco perde na qualidade e até poderia passar como uma única gravação, se não mencionasse este fato.
Os mais exigentes talvez até apontem algumas diferenças no timbre vocal e nos solos de Ella, que já passava por alguns sinais de declínio. Para mim, isso pouco importou.
Ella Fitzgerald gravou mais de vinte álbuns pelo selo Pablo Records e apesar de lá estar na sua fase descendente na carreira, conseguiu belos registros. E ter ao seu lado o guitarrista Joe Pass, não era novidade. Fizeram isso por algumas vezes, sempre com alegria e muita cumplicidade. E todos os discos que fizeram juntos são sensacionais.
Pass foi um dos maiores nomes da guitarra no Jazz e influenciou várias gerações de músicos, tornado-se um dos guitarristas mais cultuados. A partir de 1962, recomeçou sua carreira (iniciada no final dos anos quarenta) e foi deste ponto que sua visibilidade aumentou tendo como parceiros Gerald Wilson, George Shearing, Benny Goodman, Count Basie, Duke Ellington, Dizzy Gillespie e Oscar Peterson.
Meus destaques ficam para os temas que homenagearam Duke Ellington “I Got It Bad (And That Ain’t Good)”, a faixa título “Sophisticated Lady”, “Mood Indigo” e “Satin Doll”, as clássicas “Georgia On My Mind”, “Bluesette” e “Cherokee”. Para finalizar as surpreendentes “One Note Samba” e “Wave”, numa levada de arrasar quarteirões. Mais uma produção primorosa do iluminado Norman Granz.

Postado em: 26/11/2012

 


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