Um gênio no piano e nas palavras

Um gênio no piano e nas palavras

 

 

No final de 2011 o pianista, compositor, produtor e arranjador Cesar Camargo Mariano completou cinqüenta anos de carreira.
Vários shows marcaram o acontecimento, porém o que mais me chamou a atenção foi o lançamento de “Solo”, pela Editora Leya, seu livro de memórias, escrito pelas suas próprias mãos geniais, que por tantos anos tocaram magicamente os pianos da vida.
No livro, descobrimos seu lado mais íntimo, sensível, intenso e por vezes solitário, talvez aí a inspiração do nome forte que a obra recebeu.
Curiosamente descobrimos também que Cesar é um desenhista (técnica à lápis) de mão cheia. Em todos os capítulos podemos conferir seus desenhos dando forma aos assuntos abordados. Uma fotografia de suas imagens guardadas em sua cabeça e que nos intervalos da escrita iam sendo rabiscados.
Divertido, poético e por vezes dramático, o livro passeia pela vida deste grande músico do nosso país, que considero como um dos mais completos e inspirados.
A dedicação para escrever “Solo” foi intensa e total. Trocou por onze meses a companhia do seu inseparável piano pelo teclado do seu computador. Muitas horas por dia, todos os dias da semana. 
Outro detalhe curioso é que o livro foi lançado no palco e não nas livrarias. Cesar não se sentiria à vontade autografando os livros sentado apenas numa cadeira. Ele preferiu então o palco, local sagrado que ele considera como seu altar Um repertório de composições inéditas e apenas algumas poucas antigas fizeram parte do “setlist” do show.
Relatos emocionantes você vai encontrar no livro: seu primeiro piano, presente de aniversário quando completou treze anos, sua infância em São Vicente, Elis Regina, Wilson Simonal, o contrabaixista Sabá e Johnny Alf, que morou por oito anos na sua casa na infância e com quem aprendeu muito musicalmente e muitas outras histórias.
Lembro com saudade a primeira vez que vi Cesar Camargo Mariano num palco. Foi num show no saudoso Clube XV (Av. Vicente de Carvalho com o Canal 3), no início dos anos 80, para lançamento do disco “A Todas As Amizades”, gravado nos EUA. No Brasil, teve a companhia da Banda Placa Luminosa. Um show maravilhoso e inesquecível.
Cesar Carmargo Mariano, surpreendentemente autodidata e capaz de produzir uma sonoridade rica e criativa. Coisas que a música não explica. É preciso apenas sentir. Se permita então !!!

 

Cesar Camargo Mariano & Helio Delmiro - Samambaia

Sempre defendi a tese de que a música tem o raro poder de aproximar as pessoas. Agora imagine isso com relação aos músicos.
Como em qualquer relação humana é preciso que haja química, identificação, cumplicidade.
Este trabalho lançado pelo Selo Odeon no ano de 1981 (ainda no formato de LP e anos depois em Cd no ano de 2003) é uma prova verdadeira de que o poder da música é inexplicável.
O pianista Cesar Camargo Mariano foi ao encontro do seu velho amigo e companheiro de grandes batalhas, o violonista e guitarrista Hélio Delmiro.
Para você ter uma idéia o tema “Samambaia” de autoria de Cesar foi gravado de primeira, confirmando a identificação musical e sensitiva do duo.
Depois vieram “Emotiva no. 4”, “Carinhoso”, “Choratta”, “Maria Rita”entre outros temas. Todas gravadas no mesmo clima de intensa harmonia e ligação emocional.
Um disco instrumental clássico e absolutamente indispensável. 

 

Cesar Camargo Mariano & Prisma – Ponte das Estrelas

Este disco é muito marcante para mim. É um dos meus favoritos da belíssima discografia de Cesar.
Ele foi gravado ao vivo em 48 canais no final dos anos 80  e sua proposta era de fazer música instrumental com o que havia de mais avançado em tecnologia na época. Foi o primeiro da história.
Cesar se cercou de piano, teclados, computadores e equipamentos digitais. E conseguiu realizar seu grande sonho. Que foi iniciado nos trabalhos anteriores “Todas as Teclas” e “Prisma”, que tinham como objetivo apresentar novas sonoridades, incorporando os instrumentos eletro-eletrônicos e computadores digitais. Uma mistura ousada, inovadora que marcou intensamente sua carreira. 
Reuniu uma banda de alto nível chamada de “Prisma”: Azael Rodrigues na bateria, Dino Vicente nos teclados, João Parahyba na percussão, Pedro Ivo no contrabaixo, Pique Riverti nos saxofones e flauta e Ulisses Rocha na guitarra.
Os temas de sua autoria “Guaicá”, “Volto Já” e “Don Quixote” surpreendem pela beleza dos arranjos. E mais “Sabiá”, que com certeza deixou Tom Jobim orgulhoso e uma versão de chorar de “Imagine” de John Lennon que trouxe apenas Cesar e o saxofonista Pique Riverti. Puro delírio.

Postado em: 23/04/2012

 


Comentários
Ainda não há comentários.
Deixe seu comentário

Deixe um comentário. É importante o preenchimento de todos os campos.




Digital Jazz

Enquete

Qual destes estilos você aprecia mais?






Parceiros

jazz fest
bossa fest




O material em áudio e video disponibilizado através deste site é utilizado apenas para fins culturais e não-comerciais, descartando qualquer incentivo à pirataria e quebra de direito autoral.