Na próxima semana, entre os dias 26, 27 e 28 de outubro no Sesc, a cidade de Santos recebe o evento “Mercedes Sosa – A Voz Dos Sem Voz”, que vai contemplar a exibição de 2 filmes e um show musical de encerramento, com a incrível cantora Indiana Nomma.

 

O evento começa na quarta, dia 26, 19 horas, no Teatro, com a exibição do filme “Mercedes Sosa – A Voz da América Latina”, do diretor Rodrigo H. Vila.

 

Já na quinta, dia 27, 19 horas, no Auditório, teremos a exibição do filme, “Mais Náufragos Que Navegantes”, do diretor Guillermo Planel. Ambas as exibições têm entrada gratuita.

 

O encerramento do evento acontece no belíssimo Teatro do Sesc, com a apresentação musical da cantora Indiana Nomma e o espetáculo “Tributo a Mercedes Sosa”, com ingressos a preços populares variando de R$ 6,00 a R$ 20,00.

 

A história deste emocionante tributo começa no ano de 1979, quando Indiana Nomma, filha de pai baiano e mãe gaúcha exilados durante o golpe de 64 e sua família chegam à Nicarágua, 3 meses após a Revolução Sandinista.

 

Um ano depois, comemoravam com toda a população nicaraguense o feito popular de alfabetizar o povo com a ajuda de voluntários. Centenas uniram-se e partiram em paus-de-arara para os confins do país. Montaram escolas, renovaram vidas, ajudaram a eliminar a ignorância.

 

Sua mãe foi uma das voluntárias. E "La Negra", como era carinhosamente conhecida Mercedes Sosa, ao final da missão, em seu vestido vermelho, presenteia o povo com um grande show. Mercedes Sosa e a massa cantam "Canción con Todos". Indiana nunca esqueceu.

 

Cria da América Latina, Indiana Nomma, essa hondurenha que cresceu entre México, Nicarágua, Portugal, Alemanha e Brasil, apresenta em tributo à grande Mercedes Sosa canções como Duerme Negrito, Solo Le Pido A Diós, Alfonsina Y El Mar, Si Se Calla El Cantor e tantas outras imortalizadas por Mercedes.

 

Entremeio, Nomma conta as histórias de La Negra reforçadas pelo apoio incondicional da Fundación Mercedes Sosa que a apoia com materiais para engrandecer esta homenagem.

 

Emprestam seus talentos e sonoridades ao show, o pianista uruguaio José Cabrera e o baterista brasileiro Renato Glória. Um convite à reflexão pelos ideais de uma geração e seus herdeiros. Um convite ao respeito humano, à dignidade e à voz do povo. Um convite a nunca se calar.

 

Indiana Nomma após 14 anos desenvolvendo sua carreira musical em Brasília, tendo aberto shows de artistas como Gloria Gaynor, Billie Paul, Ney Matogrosso, Milton Nascimento, Jorge Aragão, Celso Blues Boy, entre outros, passou a atuar no Rio de Janeiro desde 2010, onde é reconhecida como revelação do “brasilian jazz”. 

 

Em 2015, lançou seus dois primeiros CDs, sendo o primeiro produzido por ela, o homônimo “Indiana Nomma”, com músicas inéditas. Já o segundo CD “Unexpected” foi produzido em parceria com o pianista Osmar Milito e concorreu, em 2016, ao 26º Prêmio da Música Brasileira na categoria “Melhor Álbum de Língua Estrangeira”, ficando entre os 3 finalistas.

 

Ela inclusive veio a Santos em abril deste ano, para lançar este CD ao lado do trio do pianista Osmar Milito, encerrando maravilhosamente e com muita repercussão, a edição do Rio-Santos Jazz Fest 2016.

 

Portanto, um evento maravilhoso e imperdível, que conta com a realização do Sesc Santos e apoio da Rádio Jornal da Orla/Digital Jazz – www.digitaljazz.com.br

Esta semana vou prestar uma homenagem a uma das principais cantoras da música popular latino-americana que já ouvi. Falo da querida “hermana” argentina Mercedes Sosa, carinhosamente conhecida como “La Negra”, por seus longos e lisos cabelos negros.

 

Um nome que carregou muitas vozes silenciosas em suas canções. Sempre teve uma participação política ativa e atuante, lutando abertamente contra os regimes ditatoriais da América do Sul. Seu legado e suas lições viverão para sempre e é importante salientar que ela sempre colocou sua arte a serviço de causas relevantes.

 

Em 2009, lançou seu último trabalho intitulado “Cantora”, no formato CD/DVD, com trinta e cinco músicas e imagens raras das sessões de gravação, além de encontros com outros personagens, testemunhos dos artistas que participaram do disco, além de inspiradas reflexões de Sosa sobre sua vida e sobre as gravações, que considero seu testamento musical. Ela mesma profetizou que “continuaria cantando até os últimos dias como uma cigarra”. Cumpriu fielmente sua missão de cantar e encantar.

 

Por sua importância, o trabalho recebeu dois prêmios Grammy Latino no ano de 2009 e em cada faixa contou com a participação de uma celebridade latina. Alguns nomes que destaco são: Joan Manuel Serrat, Jorge Drexler, Shakira, Diego Torres, Maria Grana, Leopoldo Federico, Pedro Aznar, Charly Garcia, Fito Paez e Luis Salinas. E os brasileiros, Caetano Veloso e Daniela Mercury, tiveram o privilégio de participar.

Os temas “Aquellas Pequenas Cosas”, “Sea”, “La Maza”, “Nada”, “Deja La Vida Volar”, “Desarma Y Sangra”, “Zomba Del Cielo”, “Agua, Fuego, Tierra Y Viento”, “El Angel De La Bicicleta” e “Violetas para Viole-ta” merecem ser ouvidos com atenção.

 

Meus preferidos, coinciden-temente, passam pelos brasileiros em “Coração Vagabundo”, com Caetano Veloso, e “O Que Será” com Daniela Mercury.

 

A gravação de “Insensatez”, ao lado do genial guitarrista argentino Luis Salinas, é simplesmente de arrasar e é impossível não se emocionar ao escutá-la.

 

Bela homenagem a esta cantora que sempre teve ligações com o Brasil, iniciada em 1976, quando gravou “Volver A Los 17” ao lado de Milton Nascimento no clássico álbum “Geraes” e depois com Fagner, Chico Buarque e o próprio Caetano Veloso.

 

Mercedes Sosa deverá ser ouvida independente de suas posições políticas, e por ser conhecida como defensora fervorosa dos direitos humanos e da liberdade de expressão, mas acima de tudo pela sua bela voz e pelo seu selecionado repertório, registrado em mais de 30 álbuns.

 

Em “Cantora”, som e imagem de primeira. Uma despedida em grande estilo. “Gracias A La Vida”, eterna Mercedes Sosa.