A marcante experiência de Sir Paul McCartney em se aproximar com o Jazz, aconteceu quando ele lançou o CD “Kisses On The Botton”, no início de 2012, regravando grandes clássicos do gênero das décadas de 20, 30 e 40.
Ele se inspirou nas canções que ele ouvia em casa, cantadas pelos seus pais, principalmente nas noites de ano-novo. E para este projeto contou com os talentos especiais da pianista e cantora canadense Diana Krall e também Stevie Wonder e Eric Clapton. A produção ficou por conta do competente Tommy Lipuma. E o resultado final surpreendeu pela leveza e elegância e logo atingiu o topo das paradas de sucessos nos Estados Unidos e em diversas partes do planeta.
O disco foi gravado no mítico prédio arredondado dos estúdios da Capitol Records, em Los Angeles, e Paul curiosamente usou o mesmo microfone em que Nat King Cole, Dean Martin e Frank Sinatra registraram suas vozes para todo o sempre.
É bom destacar que Paul McCartney não tem o timbre de voz de um grande crooner, muito menos tem o fraseado de um músico de Jazz. Mas ele é Paul McCartney e pode tudo. Inclusive gravar um álbum com repertório do velho e bom Jazz. Ele sabe das coisas, com certeza.
O resultado foi tão surpreendente, que no mesmo ano, mais precisamente em 12 de novembro de 2012, lançou o DVD “Live Kisses”, pelo selo MPL Comunications, basicamente com todo o repertório do CD, gravado na noite mágica de quinta-feira, 09 de fevereiro de 2012, data coincidente que comemorou os quarenta e oito anos da primeira aparição dos Beatles no programa da TV americana “The Ed Sullivan Show”.
O filme foi dirigido por Jonas Akerlund e na parte musical, contou com a presença dos já citados, o produtor Tommy Lipuma e a pianista canadense Diana Krall, e também o contrabaixista John Clayton, o baterista Karriem Riggins, o guitarrista John Pizzarelli, o violonista Antony Wilson e o vibrafonista Mike Mainieri. Também contou com a participação especial do guitarrista Joe Walsh, do grupo Eagles, no solo da inédita “My Valentine”, composição de Paul feita em homenagem a sua mulher atual, e que no CD teve o solo de Eric Clapton. A orquestra que os acompanhou foi dirigida pelo inspirado Alan Broadbent. Sonoridade impecável.
O “trecklist” tem treze faixas e as faixas bônus vão deixar alucinados os fãs de McCartney. Inclui seis versões do vídeo promocional de “My Valentine” e o seu “making of”, além de dois curtas-metragens com imagens dos bastidores da gravação, filmadas por Mary McCartney. E a “cereja do bolo” ficou por conta da belíssima entrevista de Paul McCartney e também do produtor Tommy Lipuma, que contam curiosidades sobre a história do DVD, falando da sua concepção e criação. E também um vídeo completo com a cerimônia de introdução do ex-Beatle na “Hollywood Walk Of Fame”. Além de entrevistas exclusivas de Diana Krall, Joe Walsh, Stevie Wonder e Eric Clapton. Imagens históricas.
Outro diferencial é o belo livro encartado no DVD, com quarenta páginas, destacando as belas fotos do dia histórico de gravação e dos ensaios e também uma entrevista de Elvis Costello com Paul McCartney.
Os temas “Home”, “It`s Only A Paper Moon”, “The Glory Of Love”, “More I Cannot Wish You”, “Ac-Cent-Tchu-Ate The Positive”, “Bye Bye Blackbird”, “Get Yourself Another Fool”, “My One And Only Love” e a surpreendente “My Valentine”, são os meus favoritos.
Uma noite mágica e memorável que o Jazz ganhou na voz de Paul McCartney e no raro talento dos seus cúmplices e que ficará marcada para sempre na importante história do Capitol Studios e na magnífica carreira desta lenda viva da nossa música.
E como o nosso querido Paul McCartney sugere, tanto o CD como o DVD devem ser desfrutados quando voltamos do trabalho, com uma taça de vinho ou uma xícara de chá. Uma excelente idéia para ser seguida à risca. Seu pedido é simplesmente uma ordem.
A Música Instrumental Brasileira continua a apresentar grupos de muita qualidade. Falo especificamente do RDT (conhecidos como Rapazes do Trio), grupo que descobri por acaso e que pode ser considerado como um dos mais surpreendentes da atualidade.
O grupo tem nove anos de estrada e está no terceiro CD de carreira e demonstra plena maturidade musical no trabalho “Elo”, lançado pelo selo Rhadar Cultural no ano de 2012 e que contou com a participação muito especial do guitarrista americano (do Texas) Mike Moreno, radicado em Nova York.
O grupo é formado por Walter Nery na guitarra, Guto Brambilla no contrabaixo acústico e por Fernando Baggio na bateria. Intérpretes e compositores muito criativos, todos eles de formação musical extensa e sólida e que merecem nosso aplauso e admiração pela ousadia e extremo talento. E o talento de Mike veio a somar com eles de uma forma intensa e natural.
Para mim, uma agradável surpresa, que me fez acreditar que apesar de tantas porcarias lançadas no mercado, ainda existem trabalhos de qualidade, que fazem a diferença e fazem valer à pena a minha missão de propagar a música de qualidade.
Destaque para os temas “Sarayu”, “Incidental”, “Liv”, “Délicatesse”, “Mirror Mirror” e “Sky” (uma bela suíte dividida em três partes).
Neste CD, o quarteto executa com rara competência a fusão da música brasileira contemporânea com o Jazz, tirando de seus instrumentos uma sonoridade muito estimulante. Sem quaisquer preconceitos ou barreiras culturais.
Postado em: 25/02/2013
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