Várias músicas conhecidas da MPB são de autoria do pianista, compositor, arranjador e maestro carioca Gilson Peranzzetta. Ele é talvez, você nem saiba, um dos músicos mais respeitados e admirados do planeta.
Setenta anos de vida e sessenta anos de carreira, comemorados recentemente, assim como um bom vinho. E conhecer a obra musical, deste grande artista, é um bom começo para que possamos reverter este quadro negativo. Como o nosso país está passando por grandes questionamentos, vamos defender aqui a boa música, acessível e disponível a todas as pessoas. De uma lista de mais de 150 pérolas, selecionei 4 de suas composições, que são verdadeiros hinos e muito especiais para mim. A primeira delas, “Love Dance”, feita em parceria com Ivan Lins e Paul Williams, lançada em 1980, pelo produtor Quincy Jones, no álbum “Give Me The Night”, do guitarrista e cantor americano George Benson. E que depois foi regravada por uma dezena de artistas e abriu de forma definitiva, o mercado internacional para Ivan e Gilson. São mais de 200 regravações e a preferida do autor é a da cantora Nancy Wilson, do ano de 1994. Já “Setembro”, do mesmo ano de 1980, feita também em parceria com Ivan Lins, ganhou uma versão marcante em 1990, no álbum “Back On The Block”, de Quincy Jones, com a participação da cantora Sarah Vaughan, do guitarrista George Benson e do grupo vocal Take 6. Uma gravação, simplesmente, de arrepiar. Já “Obsession”, do ano de 1987, feita em parceria com Dori Caymmi, ganhou, na minha opinião, a sua melhor versão, na voz da eterna cantora Sarah Vaughan, no seu álbum “Brazilian Romance”, produzido por Sérgio Mendes e que contou com os arranjos do próprio Dori. E para finalizar a minha lista, “Sorriso de Luz”, do ano de 1993, feita em parceria com Nelson Wellington e que ganhou uma versão maravilhosa na voz do cantor Djavan. Para mim, uma das mais belas músicas de todos os tempos, com uma química perfeita entre letra e melodia está registrada num CD raro chamado “Fonte das Canções”, lançado no ano de 1997, pelo selo Movieplay, e que contou com a participação dos maiores vocalistas da nossa MPB. Lançou na carreira mais de 40 discos, a maioria instrumentais, alguns pelo seu selo próprio, o Marari Discos. Os meus destaques para os CDs são “Cristal” - 2002 e “Manhã de Carnaval – Brazilian Standards” - 2005. Outro belíssimo, para o selo Delira Música, no formato piano solo, “Bandeira do Divino” - 2007. Mais recentemente, esteve participando do último disco de Edu Lobo, gravado ao vivo na Holanda, ao lado da Metropole Orkest, lançado pelo selo Biscoito Fino.
Ele será uma das grandes atrações do RIO-SANTOS JAZZ FEST 2016, se apresentando no dia 30 de abril, sábado, ao lado do jovem e surpreendente cantor João Senise e do grande contrabaixista Zeca Assumpção, numa emocionante homenagem a Frank Sinatra. Seja como pianista, como compositor, como arranjador ou regente, seja no repertório popular ou erudito, e depois de inúmeros prêmios conquistados, Gilson Peranzzetta é um dos músicos mais completos que já conheci. E uma pessoa simples, simpática e sempre disposta a inovar e a se superar.