TORCUATO MARIANO - “Lift Me Up”
Se você quer escutar um CD repleto de lirismo e ternura, executado pelas mãos de um dos maiores pianistas da história do Jazz, ainda em plena atividade, recomendo este lançamento de 2013 do selo Sunnyside. E mais, com a mágica mistura entre o Jazz e a Bossa Nova, numa sinergia surpreendente. Como o “Samba Jazz” é delicioso.
E Kenny Barron já havia experimentado algo semelhante no ano de 1963 e por algumas outras vezes na carreira e sempre teve a referência da sonoridade da música brasileira no seu repertório.
E na sua carreira acompanhou os maiores nomes do Jazz, como Dizzy Gillespie, Stan Getz, Ron Carter, Ella Fitzgerald, Freddie Hubbard, Elvin Jones entre outros.
Duas curiosidades importantes: o disco foi gravado integralmente no Rio de Janeiro no mês de junho de 2012, quando da última visita do pianista ao nosso país e trouxe no repertório, composições próprias, de Johnny Alf, Maurício Einhorn, Tom Jobim, Baden Powell e Alberto Chimelli. E, na oportunidade, ele comemorou no estúdio os seus 69 anos de idade. E ganhou um belo presente musical.
Ao seu lado, um verdadeiro time de “Cavaleiros Brasileiros”, como ele definiu, formado por Cláudio Roditi no trompete, Idris Boudrioua no sax alto, Lula Galvão na guitarra, Maurício Einhorn na harmônica, Sérgio Barrozo no contrabaixo, Rafael Barata na bateria e Alberto Chimelli nos teclados.
Destaque para “Rapaz de Bem”, “Ilusão à Toa”, “Nós”, “Curta Metragem”, “Triste”, “Tristeza de Nós Dois” e “Sonia Braga”.
É impressionante ver a identificação musical de todos os músicos participantes com o repertório escolhido, de uma forma intensa e muito especial. E o estilo de tocar do Professor Kenny Barron (desde 2001 na famosa Juilliard School Of Music de NY) é emocionante. E o produtor do disco, Jacques Mayall, recomenda que o CD seja degustado sem qualquer moderação.
O pianista e cantor Freddy Cole continua surpreendendo e está cada vez melhor. Como é prazeroso ouvir sua voz e é impossível não destacar a sua longevidade. Afinal, ele está por completar 82 anos de vida, em plena forma e com grande atividade. E tomara que seja assim por muito tempo, pois é muito estimulante ouvir a sua música.
Ele acabou de lançar seu mais recente trabalho pelo selo High Note, ao lado do seu trio (aquele mesmo que veio a Santos por duas oportunidades), formado pelos excepcionais músicos Randy Napoleon na guitarra, Elias Bailey no contrabaixo e Curtis Boyd na bateria. E contou com as participações especiais de John Di Martino no piano, Josh Brown no trombone e Boostie Barnes no sax tenor.
Destaque para “I Saw Stars”, “Everybody`s Talking”, Medley: “Where Are You?”/It Was So Good While It Lasted”, “Sometimes I'm Happy” e “For The Love Of You”.
Embora tenha um estilo único, é interessante destacar que ele lida com muita sabedoria, o fato de ser sempre comparado ao seu irmão, o também genial cantor e pianista Nat King Cole. E é bom lembrar que ele também é tio da cantora Natalie Cole.
Ele não cansa de elencar suas influências ao piano: John Lewis, Oscar Peterson, Teddy Wilson e Billy Eckstine, o seu preferido.
Em suas vindas a Santos, tenho a lembrança de receber um artista elegante, sofisticado e acima de tudo muito simples. E que tem o dom de ter uma voz maravilhosa e um estilo suave e romântico de tocar o seu piano.