Conforme o prometido na semana passada, continuo a destacar alguns dos locais especiais, que são indicados para aquelas pessoas que gostam de boa música e que não dispensam conhecer lugares interessantes e cheios de charme. Lugares muito especiais, que têm corpo e alma e que, na maioria das vezes, os guias turísticos, esquecem de nos indicar. A cidade do Rio de Janeiro tem vários destes lugares, que considero verdadeiros “paraísos aqui na terra”.
Falo da filial da “Toca do Vinicius”, aberta em 2006 e que tem também o nome sugestivo de “Bossa Nova & Companhia”, localizada num dos redutos mais importantes da Bossa, no bairro de Copacabana, na Rua Duvivier no. 37, bem na esquina do “Beco das Garrafas”, atualmente em fase de revitalização. Uma excelente notícia
Neste beco, aconteceram os shows e as temporadas mais incríveis da Bossa Nova e ali se instalaram as famosas boates “Little Club”, “Bottle's” e “Baccara”. E diz a lenda que os moradores do local, revoltados com o barulho, jogavam garrafas pelas janelas na direção dos frequentadores mais animados. Daí surgiu o nome curioso e lendário.
A casa é dirigida pela segunda geração da família (pela filha e sobrinho) de Carlos Alberto Afonso, o criador deste conceito diferenciado de livraria, com algo mais (e muito mais), e que mesmo com a concorrência dos grandes shoppings e das oscilações do mercado financeiro, consegue sobreviver com vigor e com perspectivas de crescimento.
Mais ampla que a Toca, a loja é dividida em três ambientes e tem um repertório musical bem variado com mais de 2.500 livros sobre música, uma seleção de discos, CDs, DVDs, instrumentos musicais, lembranças temáticas e uma exposição permanente de mais de 100 fotos raras, que contam os vários momentos e os grandes personagens da Bossa Nova. A decoração também merece grande destaque e em vários cantos podemos encontrar o mobiliário típico dos anos 50 e 60. Um diferencial que faz brilhar nossos olhos e acelerar o nosso coração de emoção.
E não se surpreenda de encontrar, por lá, os nomes da nova geração de intérpretes e dos grupos que atualmente estão gravando Bossa Nova, que considero como “Bossa Sempre Nova”. Ela continua inspirada e atualizada aos novos tempos e aos ares da modernidade. Eu encontrei o genial guitarrista Victor Biglione
A loja é um delírio para os turistas estrangeiros e brasileiros, para os cariocas que viveram a fase áurea da Bossa Nova, e agora para os mais jovens, que ali podem conhecer e vivenciar um pouco “o amor, o sorriso e a flor”. Como nos bons tempos.
O pianista, maestro, compositor, arranjador e “band leader” Duke Ellington é um dos maiores gênios da música. É autor de mais de três mil músicas e sua obra musical, hoje universal, pode ser comparada aos maiores compositores de todos os tempos.
Sua importância não se restringe apenas ao Jazz e pode ser estendida para o cancioneiro americano. E suas composições, sempre muito inspiradas, são revestidas de histórias muito interessantes. Foi um homem culto, gentil e muito educado.
Pela sua orquestra, liderada por ele por mais de cinquenta anos, passaram alguns dos maiores músicos de Jazz que se tem notícia e vou destacar um CD muito especial, intitulado “Indigos”, relançado pelo selo Columbia no ano de 1989, com gravações do ano de 1957 feitas em Nova York, recheadas de baladas. Desta forma, recomendo que este disco seja ouvido e curtido ao lado de uma boa companhia e de preferência num momento de tranquilidade.
Meus destaques vão para “Solitude” e “Mood Indigo”, com os solos de piano de Ellington, “Where Or When” e “Night And Day”, com os solos mágicos do saxofonista tenor Paul Gonsalves, “Prelude To A Kiss”, destacando o saxofonista alto Johnny Hodges, “Tenderly” com o clarinetista Jimmy Hamilton e “Dancing In The Dark” com o saxofonista barítono Harry Carney. Por estes solistas, você já tem uma ideia do “dream team” que ele dirigiu neste trabalho.
Ellington teve a grande virtude de respeitar muito os músicos da sua orquestra e conseguia extrair, de todos os seus comandados, o máximo de seus talentos, resultando numa sonoridade única e vigorosa, que encantou a todos e que continua a encantar até os dias de hoje.
Um dos grandes gênios do Jazz, que pode e deve ser conhecido através da sua vasta e rica discografia.
Postado em: 17/02/2014
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