PARA QUE PALAVRAS...

PARA QUE PALAVRAS...

 

 

No final de janeiro foi lançado o documentário “A Música Segundo Tom Jobim”, dirigido pelo competente Nélson Pereira dos Santos, em parceria com a neta de Jobim, Dora Jobim, que mesmo jovem, mostrou ser do ramo.
São noventa minutos de pura emoção onde não foram necessários diálogos ou palavras. A música falou por si literalmente e se encarregou de transmitir a mensagem. Uma verdadeira viagem pelo tempo e pela incrível genialidade do maestro, emocionando desde o primeiro instante.
Elis Regina, Agostinho dos Santos, Elizeth Cardoso ao lado de João Gilberto, Sarah Vaughan, Ella Fitzgerald e Nara Leão são alguns dos nomes que estão na lista dos intérpretes. O notável encontro de Tom com o cantor Frank Sinatra não poderia faltar, é claro. Até uma imagem rara de Judy Garland cantando “Insensatez”, chama à atenção.
O riquíssimo material da obra musical do nosso saudoso maestro serviu de base para o projeto, que contou com vários anos de gravações, imagens e sons no Brasil, Japão, Estados Unidos, França, Itália e Dinamarca.
Existe respeito à ordem cronológica das músicas, embora muitas delas tenham ficado de fora. Seria impossível reunir todas suas composições em apenas um documentário.
Prova de que a música de Tom Jobim tem toda essa dimensão, tanto aqui no Brasil como em todo o mundo.
O detalhe mais curioso deste trabalho é que o dinheiro do patrocínio acabou na metade do caminho. E Nelson Pereira dos Santos tirou do próprio bolso a outra metade necessária para finalizar o documentário. Um belo gesto que deve ser ressaltado.
A notícia boa é que também para este ano é esperado o lançamento de outro documentário sobre Tom Jobim, realizado quase pela mesma equipe e que já está finalizado. Chama-se “A Luz de Tom”.
O único fato que lamento, é que o documentário infelizmente parece que não será exibido em Santos. Uma pena. Então só nos resta subir a serra para assisti-lo. Eu diria que é essencial.
 A frase de Tom usada no final do documentário diz tudo: “A linguagem musical basta”. Então, para que palavras ...

 

João Donato & Paulo Moura – Dois Panos para Manga

 
O raro encontro do pianista João Donato com o saudoso saxofonista e clarinetista Paulo Moura, falecido no ano passado, ocorreu em 2006 para o selo Biscoito Fino.
Um duo de piano e clarineta de altíssimo nível e de muita simplicidade
Eles eram velhos amigos e curtiam, sempre à distância, os trabalhos um do outro.
Para nossa sorte, eles resolveram quebrar o tabu para gravar um disco em dupla.
A idéia nasceu graças ao Diretor de Tv Carlos Manga, que os reuniu em sua casa para comemorar o seu aniversário. Uma noite regada a muito uísque, bate-papo descontraído de muitas lembranças e é claro, muita música.
O repertório do disco foi escolhido naquela noite e contou com eternas canções e duas inéditas da dupla. E ele foi gravado em menos de uma semana, mostrando a intensa cumplicidade dos dois.
O resultado é “Dois panos para Manga”, que tem no nome um duplo sentido e chamou a atenção pelas sutilezas, timbres únicos e improvisos marcantes. A sonoridade impressiona, mesmo com apenas dois instrumentos. E para que mais ???
Os temas que destaco: “A Saudade Mata a Gente”, “Copacabana”, “Swanee” e “Tenderly”, lembraram a época do Sinatra-Farney Fan Club, dos anos 50, que foi presidido por Manga e também as composições inéditas da dupla “Pixinguinha do Arpoador” e “Sopapo”.
Pena que foram gravadas apenas nove faixas. Eles poderiam ter aumentado o pano para muito mais mangas.
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Emílio Santiago – Bossa Nova

Considero o cantor Emílio Santiago como um dos meus favoritos. Sou fascinado pelo seu timbre de voz e pela sua interpretação, sempre muito marcantes.
Em sua carreira lançou diversos discos, mas “Bossa Nova” do ano de 2000 para o selo Sony Music, é um marco para mim. Um trabalho elegante, completo e cheio de convidados de peso.
Destaque para Cristovão Bastos, Leandro Braga, Jota Moraes, João Donato  e Marcos Valle no arranjos e pianos, João Lyra no violão e o surpreendente Vittor Santos no trombone, além de uma afinada orquestra de cordas, que deram um colorido musical todo especial ao trabalho.
Emílio Santiago gravou quase tudo da nossa MPB e até vários boleros inesquecíveis, mostrando todo seu talento e versatilidade. 
Mas foi a primeira vez que ele lançou um disco com repertório específico de Bossa Nova. Não tinha como dar errado.
Bossas tradicionais, algumas menos conhecidas e algumas novas compuseram as canções escolhidas. “Corcovado”, “Garota de Ipanema”, “Insensatez” e “Rio” não poderiam faltar. Se juntaram a elas, “Doce Viver” e “Bateu para Trás”.
O formato deu tão certo que ganhou uma versão em DVD, em um show repleto de glamour gravado ao vivo no Copacabana Palace, ao lado de diversos convidados, a maioria deles, que participou das gravações em estúdio.
Um grande marco em sua vitoriosa carreira.
 

Postado em: 22/02/2012

 


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