O GUITARRISTA VICTOR BIGLIONE & A MPB
Esperei algum tempo pelo lançamento da 2ª. edição desse livro, editado pela Esteio Editora em 2013, que destaca a obra musical do talentoso guitarrista argentino, naturalizado brasileiro, Victor Biglione, que, como músico estrangeiro, tem o privilégio de ter a maior contribuição em gravações e participação em shows, ao lado dos maiores nomes da nossa MPB.
O projeto nasceu de uma minuciosa pesquisa que durou 6 meses feita pelo poeta, pesquisador, produtor, compositor e escritor carioca Euclides Amaral, que tem, na bagagem, contribuições no “Dicionário Houaiss Ilustrado da Música Popular Brasileira” e no renomado Instituto Cultural Cravo Albin, além da autoria do livro “Alguns Aspectos da MPB”, entre outros lançamentos de poesia e contos.
Em dezembro de 2012, me encontrei casualmente no Rio de Janeiro, com Victor Biglione, mais precisamente na bela loja Bossa Nova & Companhia, localizada em Copacabana, bem na esquina do famoso “Beco das Garrafas”, onde ele me confidenciou que quando entrou no Brasil, com apenas 5 anos de idade, fez sua entrada pelo porto de Santos. E, por esta razão, ele tem um grande carinho pela nossa cidade.
Isso aconteceu no ano de 1964, quando seus pais, militantes do Partido Comunista Argentino, tiveram que sair do país e escolheram o Brasil para residir. Primeiro em São Paulo e logo depois, para o Rio de Janeiro. Para mim, ele é o argentino mais carioca que já conheci e um fervoroso torcedor do Botafogo e do Salgueiro.
Com 238 páginas, o livro é distribuído em 22 capítulos e conta as principais e mais importantes passagens familiares e musicais da vida do guitarrista, sempre carregadas de muitas emoções. Nem poderia ser diferente.
A música entrou na sua vida, no início da década de 70, quando começou a tocar violão, por influência de um amigo hippie da sua mãe e, alguns anos mais tarde, se interessou pelo aspecto social do Rock e do Blues, como declarou em uma entrevista.
Já como guitarrista, passou pelo CLAM, escola de música idealizada pelo Zimbo Trio (que recentemente foi desfeito, passando a se chamar Amilton Godoy Trio) e com uma carta de recomendação de peso, assinada pelo maestro Tom Jobim, ingressou na famosa Berkelee College Of Music, localizada em Boston, nos Estados Unidos.
Já no final da década de 70, definido musicalmente, se apresentava como guitarrista, violonista, produtor musical, compositor e arranjador.
E, pelo seu talento ímpar, Victor Biglione consegue transitar sem nenhuma restrição entre os gêneros Jazz, Blues, Fusion, Bossa Nova e o Rock. Além de ter, na veia, inspiradas composições para trilhas sonoras do cinema, TV e teatro.
Luiz Melodia, Marina Lima, Sérgio Mendes, Gal Costa, A Cor do Som, Wagner Tiso, Lee Konitz, Cássia Eller, Leila Pinheiro, Marcos Ariel, Zé Renato, Léo Gandelman, Zélia Duncan, Chico Buarque, Andy Summers, Marcos Valle e Jane Duboc são apenas alguns nomes importantes que participaram da sua trajetória musical de sucesso.
Com quase 80 composições autorias gravadas, 30 discos solos, Victor Biglione pode ser considerado um músico completo, com várias premiações e indicações importantes.
Ao ler as páginas do livro, você vai poder se deliciar com vários artigos, entrevistas, matérias publicadas, capas de discos, discografia e surpresas, como o ensaio sugerido pelo músico ao autor, “A contribuição estrangeira na MPB”. Muito interessante.
Uma importantíssima publicação, que perpetua a obra musical de um dos maiores músicos deste planeta Terra. E como poeticamente escreveu o autor, “Quem não queria tocar guitarra feito o Victor Biglione? me responda cantador!” Eu, Cássio, queria muito tocar como ele!
• A Coluna desta semana é dedicada a minha saudosa tia Jéssie Machado de Campos.