O BARQUINHO VAI – ROBERTO MENESCAL E SUAS HISTÓRIAS

O BARQUINHO VAI – ROBERTO MENESCAL E SUAS HISTÓRIAS

O BARQUINHO VAI – ROBERTO MENESCAL E SUAS HISTÓRIAS

O violonista, guitarrista, produtor e compositor capixaba, radicado no Rio de Janeiro, Roberto Menescal, conhecido carinhosamente por “Menesca”, é um dos maiores nomes da primeira geração da Bossa Nova e da nossa MPB e por incrível que pareça, somente no ano de 2010, ganhou um livro sobre sua vida, escrito pela jornalista Bruna Fonte, lançado pela Editora Irmãos Vitale. Uma iniciativa necessária, para não dizer obrigatória, muito em função da importância do protagonista.
Através de uma narrativa leve e intimista, desenvolvida em onze capítulos, a autora relata em primeira pessoa, muitas histórias (algumas inéditas e surpreendentes), abrangendo toda a sua trajetória musical de sucesso e da sua vida cotidiana. Vai além de uma simples biografia e o seu formato, lembrando muito um almanaque, facilita a leitura e agrada em cheio. Traz também depoimentos sensíveis de artistas, amigos e familiares, que dão força e credibilidade ao texto.
Para escrever o livro, Bruna teve o privilégio de conviver durante dois anos com o músico, ouvindo e anotando com muita atenção, as histórias sobre a criação do gênero, da sua vida pessoal, de suas parcerias, de suas amizades, assim como todos os assuntos relacionados a grande paixão da sua vida, a música.
A leitura é tão agradável, que em apenas dois dias devorei as cento e trinta e cinco páginas do livro, que considero um verdadeiro bate-papo com o artista.
Os momentos mais surpreendentes do livro são contados quando Menescal larga os palcos para se tornar diretor artístico por quinze anos da gravadora Polygram, onde cuidou da carreira dos maiores nomes da MPB. Ele menciona o surpreendente distanciamento com o parceiro de “Bye Bye Brasil” (1979), Chico Buarque, ocorrido quando ele recebeu um convite para mudar para uma gravadora concorrente. Fala também da sua determinante escolha do repertório do disco “Elis” (1972) e que se tornou um grande sucesso, mesmo contra a vontade inicial de Elis Regina, que não queria gravar de jeito nenhum aquelas músicas, selecionadas por ele. E depois da sua saída da gravadora Polygram, ele conta a curiosa resistência do cantor Emílio Santiago, que não queria gravar o projeto “Aquarela Brasileira”, que se tornou um dos maiores sucessos de vendas de discos no Brasil.
Outro ponto marcante do livro são as várias passagens contadas ao lado do maestro Tom Jobim, seu grande amigo e considerado como “guru da música”. Tom estava sempre chamando o “Menesca” em sua casa para mostrar as suas músicas e também para ajudar seu pupilo nas suas composições. Seus conselhos foram determinantes para que ele seguisse na carreira como músico e não seguisse na engenharia ou arquitetura (sonho de seu Pai), no funcionalismo público ou na Marinha (sua idéia pessoal). E não é que ele se tornou uma das figuras mais importantes e influentes do meio musical brasileiro. E esta passagem nos ensina de que temos que saber qual é a nossa missão aqui na terra. Roberto Menescal sempre soube que a música seria o seu caminho. Ele não errou e muito menos se arrependeu da escolha feita. E nos revela os outros “gurus” da sua vida: João Gilberto, o da sensibilidade, André Midani, o da organização e Paulo Coelho, o da confiança (seu grande amigo, que inclusive assina o prefácio do livro) e Luiz Correia de Araujo, o da natureza.
Você vai navegar na leitura assim como na música “O Barquinho”, composição feita em parceria com o seu grande amigo Ronaldo Bôscoli: “Dia de luz, festa de sol, e o barquinho a deslizar, no macio azul do mar”... E assim como na vida, “o barquinho vai, a tardinha cai”... E no livro você vai poder conhecer como nasceu esta bela música, assim como muitas outras de suas inspiradas criações.
E em razão de tantas histórias que ficaram de fora do primeiro livro, no final de 2012, a escritora Bruna Fonte, desta vez em parceria com o artista (que assina também como autor), lançou o segundo livro sobre Roberto Menescal pela Editora Prumo e com o título “Essa Tal de Bossa Nova”, mais focado nas histórias dos bastidores da Bossa Nova e da MPB. E para o livro nascer, ela teve mais três anos de conversas com o músico. No total, foram cinco anos de convivência e uma centena de encontros intensos.   
Uma obra complementar que deve ser lida obrigatoriamente. Em ambos os livros, podemos encontrar a maior alegria da vida de Roberto Menescal, que é a de ser músico. Obrigado Bruna, pela sua intensa sensibilidade e obrigado “Menesca”, pela sua música, simplesmente incrível e genial.

 
 

 

Elizete Cardoso - “Canção do Amor Demais”

Para muitos este disco pode ser considerado como o “marco zero” da Bossa Nova. O que deu origem a tudo que se sucedeu e que até os dias de hoje está em evidência. Reuniu as composições da dupla (bem nova e desconhecida na época) Antonio Carlos Jobim e Vinícius de Moraes e foi lançado em abril de 1958. Além da cantora Elizete Cardoso (na época dona de um grande prestígio), outra figura muito importante e determinante para a criação do gênero, também participou do disco: João Gilberto tocou pela primeira vez seu violão com a sua batida característica e inigualável em duas faixas do disco, “Chega de Saudade” e “Outra Vez”. Tudo mudaria dali por diante, quebrando definitivamente a estrutura do samba tradicional.
“Canção do Amor Demais”, título dado por Irineu Garcia, dono da pequena produtora de discos Festa e idealizador do projeto, é considerado como um dos discos mais importantes da nossa MPB e foi o primeiro “songbook” brasileiro.
E para realizar o projeto Tom, Vinícius e Elizete ser reuniram em Ipanema na casa de Tom por várias noites e daí nasceu anos mais tarde a música “Carta ao Tom 74” de Vinícius: “Rua Nascimento Silva, cento e sete, você ensinando pra Elizete as canções do amor demais”. O selo Biscoito Fino lançou em 2008, no formato de CD, esta preciosidade pré - Bossa Nova.
 

 

João Gilberto – “Chega de Saudade”

Em agosto de 1958, João Gilberto gravou o 78 rpm da gravadora Odeon, contendo de um lado, o tema “Chega de Saudade” e do outro, “Bim-Bom”. E depois outro, com mais duas músicas, “Desafinado” e “Ôba Lá Lá”. Com a mesma levada sincopada de seu violão e com o seu estilo de cantar de forma intimista e anasalado, estilo que marcou a sonoridade da Bossa Nova e fez o gênero se tornar gênero..
Porém, a Bossa Nova, histórica e oficialmente nasceu no mês de março do ano de 1959, quando João Gilberto lançou seu primeiro LP, também para o selo Odeon, “Chega de Saudade”, que contou com a direção musical de Antonio Carlos Jobim e a produção de Aloysio de Oliveira.
No disco foram aproveitadas as quatro gravações em 78 rpm, acrescidas de mais oito músicas e destaco “Lobo Bobo”, “Saudade fez um Samba”, “Brigas Nunca Mais”, “Aos Pés da Cruz” e “É Luxo Só”.
E conta a lenda que o suéter usado por João Gilberto na foto da capa do disco era de Ronaldo Bôscoli e que nunca mais foi devolvido.
E como destacou Tom Jobim: “quando João Gilberto se acompanha, o violão é ele”.  E disse mais: “um baiano Bossa Nova que influenciou toda uma geração de arranjadores, músicos e cantores”. E que mudou as nossas vidas para sempre. Obrigado por tudo, João.

 

Postado em: 11/03/2013

 


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