Esta semana vou prestar uma homenagem a uma das principais cantoras da música popular latino-americana que já ouvi. Falo da querida “hermana” argentina Mercedes Sosa, carinhosamente conhecida como “La Negra”, por seus longos e lisos cabe-los negros. Um nome que carregou muitas vozes silenciosas em suas canções. Sempre teve uma participação política ativa e atuante, lutando abertamente contra os regimes ditatoriais da América do Sul. Seu legado e suas lições viverão para sempre e é importante salientar que ela sempre colocou sua arte a serviço de causas relevantes.
Em 2009, lançou seu último trabalho intitulado “Cantora”, no formato CD/DVD, com trinta e cinco músicas e imagens raras das sessões de gravação, além de encontros com outros personagens, testemunhos dos artistas que participaram do disco, além de inspiradas reflexões de Sosa sobre sua vida e sobre as gravações, que considero seu testamento musical. E ela mesma profetizou que “continuaria cantando até os últimos dias como uma cigarra”. Cumpriu fielmente sua missão de cantar e encantar.
Por sua importância, o trabalho recebeu dois prêmios Grammy Latino no ano de 2009 e em cada faixa contou com a participação de uma celebridade latina. Alguns nomes que destaco são: Joan Manuel Serrat, Jorge Drexler, Shakira, Diego Torres, Maria Grana, Leopoldo Federico, Pedro Aznar, Charly Garcia, Fito Paez e Luis Salinas. E os brasileiros, Caetano Veloso e Daniela Mercury, tiveram o privilégio de participar.
Os temas “Aquellas Pequenas Cosas”, “Sea”, “La Maza”, “Nada”, “Deja La Vida Volar”, “Desarma Y Sangra”, “Zomba Del Cielo”, “Agua, Fuego, Tierra Y Viento”, “El Angel De La Bicicleta” e “Violetas para Violeta” merecem ser ouvidos com atenção.
Meus preferidos, coincidentemente, passam pelos brasileiros em “Coração Vagabundo” com Caetano Veloso e “O Que Será” com Daniela Mercury. A gravação de “Insensatez”, ao lado do genial guitarrista argentino Luis Salinas, é simplesmente de arrasar e é impossível não se emocionar ao escutá-la.
Bela homenagem a esta cantora que sempre teve ligações com o Brasil, iniciada em 1976, quando gravou “Volver A Los 17” ao lado de Milton Nascimento no clássico álbum “Geraes” e depois com Fagner, Chico Buarque e o próprio Caetano Veloso.
Mercedes Sosa deverá ser ouvida independente de suas posições políticas, e por ser conhecida como defensora fervorosa dos direitos humanos e da liberdade de expressão, mas acima de tudo pela sua bela voz e pelo seu selecionado repertório, registrado em mais de trinta álbuns. Em “Cantora”, som e imagem de primeira. Uma despedida em grande estilo. “Gracias A La Vida” Mercedes Sosa.
A cantora Ella Fitzgerald e o trompetista e também cantor Louis Armstrong podem ser considerados como mestres fantásticos e nomes emblemáticos da rica e fascinante história do Jazz.
No ano de 1956, em Los Angeles, no mítico Capitol Studios, eles iniciaram, para o selo Verve, uma parceria intensa e bem sucedida que rendeu mais dois encontros posteriores em estúdio: Ella & Louis Again (1957) e Porgy and Bess (1958).
Outra ideia genial do produtor Norman Granz, responsável por verdadeiras pérolas da história da nossa música. Um daqueles caras visionários e empreendedores que teve a sorte de ter em suas mãos os maiores artistas do Jazz de todos os tempos. Estava no lugar certo, na hora certa e com as pessoas certas. Não tinha como dar errado, e o resultado natural são belos discos produzidos por ele que são executados e idolatrados até os dias de hoje. Coisas que só a música pode fazer.
Neste primeiro trabalho, juntaram-se, a eles, Oscar Peterson no piano, Herb Ellis na guitarra e Buddy Rich na bateria. Um time de músicos de primeira linha, que contribuíram com seu grande talento para o resultado final surpreendente do disco.
O repertório selecionado é especial e destaco os temas “Can't We Be Friends”, “Moonlight In Vermont”, “They Can't Take That Away From Me”, “The Nearness Of You” e as minhas preferidas “Tenderly”, “A Foggy Day”, “Cheek To Cheek” e “April In Paris”.
Este disco pode ser um bom começo de jornada para aqueles que tenham alguma resistência ao Jazz, mas que se permitem em conhecê-lo melhor.
Tenho certeza de que a sonoridade destas gravações irá invadir naturalmente seu cérebro, sua alma e coração. Não duvide disso.
Postado em: 19/03/2014
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