LIVRO “ALGUNS ASPECTOS DA MPB” – EUCLIDES AMARAL
O livro destacando algumas facetas da nossa música escrito no formato de ensaios, foi lançado pela Esteio Editora em sua segunda edição, no ano de 2010, pelo poeta, letrista, pesquisador, agitador cultural e produtor carioca Euclides Amaral, que também lançou, no ano de 2013, a segunda edição do livro intitulado “O Guitarrista Victor Biglione e a MPB”, traçando um panorama musical e pessoal de um dos melhores guitarristas em atividade no Brasil, inclusive já destacado aqui na coluna. Distribuído em 318 páginas, a leitura é bastante agradável e interessante, numa mescla de várias linguagens empregadas na escrita pelo autor, como a jornalística, a historiográfica e a poética, esta última, bem característica da sua essência pessoal. Meus destaques ficam para os capítulos onde ele destaca os gêneros “Choro” e o “Samba”, e também “A MPB no Cinema Nacional”, “A Nova Geração da MPB no Século XXI” e a “Contribuição Estrangeira na MPB do Século XVI ao XXI”. Curiosamente o livro também está disponibilizado pela internet (em PDF com download grátis) o que possibilita maior acessibilidade ao seu conteúdo e o resultado desta louvável iniciativa do autor, resultou na expressiva marca de mais de 18.000 downloads, feitos por pessoas que têm interesse na literatura musical brasileira. E deste número, em sua grande maioria, jovens universitários dos cursos de Letras, Música, História e Comunicação Social, que reforçam a minha tese de que nem tudo está perdido. O público jovem também anda em busca de conteúdo e da qualidade musical. O autor destaca um ponto muito interessante e pontual nos dias de hoje sobre a nova geração da MPB: “Toda a produção em home-studio é hoje em dia responsável por quase 80% da prensagem do CD/DVD/SMD e Blu-Ray, entre outras mídias, das grandes indústrias do ramo”. E afirma: “Com relação à produção, temos hoje as plataformas colaborativas de financiamentos de discos, shows e clipes. Esse tipo de mecenato, pós-moderno, surgiu para o artista ter a opção de mais uma porta para desenvolver seu trabalho, livre das chicotadas das grandes corporações, as mainstreans do entretenimento”. Outro capítulo do livro que me interessou foi aquele dedicado à presença da MPB no Cinema Nacional. Um dedicado estudo cronológico foi apresentado e no seu fechamento o autor cita para a nossa reflexão os conhecidos clichês: “1 – A melhor música de cinema é aquela que não é notada; 2 – A música dos filmes só funciona no filme: 3 – Uma boa música pode ocultar os defeitos de um mau filme, assim como uma música ruim pode destruir uma obra-prima”. Não concordo com nenhum deles, pois a música e o cinema podem e devem dialogar harmonicamente e estão intimamente interligados. Recomendo a leitura do livro, recheado de excelente conteúdo e muita poesia.