KAY LYRA – A FILHA DA BOSSA NOVA
O descolado crítico musical Nelson Motta a considera como “a filha da Bossa Nova com a voz de cristal”, uma obrigatória e necessária referência ao seu pai, o violonista, cantor e compositor Carlos Lyra, um dos nomes mais tradicionais do gênero. Sua mãe é a atriz americana Kate Lyra. E é bom dizer que este rótulo não a incomoda, a ponto de esta referência estar presente em todo o seu material de divulgação. A primeira vez que a ouvi cantar e pude ver seu talento e beleza, foi no filme documentário “Coisa Mais Linda”, do ano de 2005, dirigido por Paulo Thiago, já lançado no formato DVD. Fiquei muito impressionado com o timbre limpo e cristalino da sua voz. E, numa das partes do filme mais interessantes, podemos ver o raro encontro de pai e filha, num “duo” inspirado que é para entrar para a história da nossa música. Embora não seja muito conhecida, ela canta com evidentes influências da Bossa Nova, do Jazz e do canto lírico, e na carreira já gravou 2 CDs, o primeiro no ano de 2005, intitulado “Influência do Jazz”, lançado para o mercado japonês, e o segundo, “Kandagawa”, do ano de 2007, com um repertório mais abrangente, inclusive com composições autorais. Passou pela festejada Berklee School Of Music nos Estados Unidos no ano de 1993 e se lançou como cantora no ano de 1996 na Alemanha. No currículo traz apresentações ao lado do seu pai Carlos Lyra, Durval Ferreira, Maurício Einhorn, Roberto Menescal, João Donato, Gilson Peranzzetta, Leo Gandelman, Pery Ribeiro e do seu marido, o violonista, guitarrista, vocalista, arranjador e diretor musical Maurício Maestro (integrante do grupo vocal Boca Livre) entre outros. Está radicada em Nova York ao lado do marido e por lá tem feito apresentações muito importantes e que ajudam a perpetuar a Bossa Nova também fora do país. Volta e meia se apresenta por aqui para manter a ligação com as suas raízes. Vale destacar que Kay Lyra não se acomodou no seu sobrenome famoso, que lhe abriu, sim, muitas portas. Ela também investe muito tempo e dedicação para compor e acredita que a Bossa Nova vai voltar em demanda popular no Brasil com a mesma intensidade dos anos 60. Vejam que afirmação importante. Particularmente, acredito muito nesta possibilidade e aqui na Rádio Jornal da Orla/Digital Jazz estamos fazendo a nossa parte para que esta realidade se concretize o mais rápido possível. Para o bem de todos nós.