Tive a honra e o privilégio de receber este raro exemplar, alguns dias atrás, direto de Nova York, encaminhado pelo próprio guitarrista e cantor, John Pizzarelli, considerado como um dos maiores nomes do Jazz da atualidade. Agradecimento especial para Joel Hoffner, da Vector Management.
Lançamento recente do selo Deluxe Sounds, gravado ao vivo no “Birdland”, templo sagrado do Jazz de Nova York, dirigido por Gianni Valenti, resultado do que melhor aconteceu em 10 shows, distribuídos em 5 noites bastante concorridas. Que contaram com a participação de Kenny Berger no saxofone barítono e clarinete, Budd Burridge no trompete e flugelhorn, Ken Hitchcock no sax alto e tenor, clarinete e flauta, John Mosca no trombone e do seu trio formado por Kevin Kanner na bateria, Konrad Paszkudski no piano e seu inseparável e talentoso irmão Martin Pizzarelli no contrabaixo. Os arranjos foram assinados pelo criativo e renomado Don Sebesky, parceiro de Pizzarelli em outros trabalhos importantes da sua carreira.
O CD traz 20 faixas, algumas mais conhecidas e outras não muito festejadas, homenageando o compositor americano Johnny Mercer, um dos mais importantes do cancioneiro americano e autor de mais de 1.500 músicas, a grande maioria como inspirado letrista. E curiosamente, também, cantor, ator, apresentador de rádio e TV, roteirista de rádio, cinema e TV e um dos fundadores de uma das maiores gravadoras do mundo, a Capitol Records. E, para finalizar, um talentoso pintor.
A trajetória artística de Johnny Mercer começou a decolar quando ele se mudou de Savanah, sua cidade natal localizada no Estado da Geórgia, e foi para Nova York, no final dos anos 20.
Logo depois, no ano de 1930, teve uma canção publicada, gravada e usada num espetáculo da Broadway e não parou mais de compor e chegou a ter o expressivo número de 100 parceiros.
No ano de 1935, se mudou para Los Angeles e até meados da década de 70, compôs uma grande quantidade de músicas para mais de 60 filmes de Hollywood, tornando-se grande referência musical.
Merecida homenagem que John Pizzarelli fez a este compositor, que ele considera como um de seus favoritos.
Pizzarelli é um dos artistas de Jazz mais atuantes e importantes da atualidade. Sua agenda está tomada até meados de 2016 e é incrível constatar sua intensa produtividade, participando de shows, gravações de estúdio e na elaboração de novos projetos.
Um destes projetos especiais é o seu reencontro com a Bossa Nova. Recentemente, ele participou de uma concorrida temporada no também mítico Café Carlyle em Nova York, ao lado dos brasileiros, Daniel Jobim, Duduka da Fonseca, Helio Alves e do seu irmão Martin Pizzarelli. E o resultado destes shows, que revisitou a obra de Tom Jobim, George Gershwin e Cole Porter, gerou um rico material gravado ao vivo para o próximo CD, que, com certeza, será sensacional. Assim, ele me comentou e só nos resta aguardar com bastante curiosidade.
John Pizzarelli é o cara do Jazz e também da Bossa Nova e em 2016 estará de novo aqui no Brasil. Quem sabe, em Santos novamente. Já estamos trabalhando para isso.
O duo de piano e voz é sempre muito especial. Gosto demais deste formato, pois quase sempre demonstra uma intensa afinidade musical entre o pianista e a cantora. E, neste CD, não poderia ter sido diferente, mostrando a mais pura cumplicidade entre estes “brazucas”, que estão radicados nos Estados Unidos já faz algum tempo.
Ela, carioca da gema e, ele paulistano, se reuniram num estúdio em Nova York, no ano de 2013, para gravar 14 belas faixas, pelo selo Zoho Records. Tocaram juntos pela primeira vez, no ano de 1993, criando desde o início, uma relação de amizade, cumplicidade e admiração.
No repertório, composições consagradas de Dori Caymmi, Gilberto Gil, Tom Jobim, Caetano Veloso, Hermeto Pascoal, Mario Adnet, Tininho Horta, Moacir Santos entre outros.
A cantora Maucha Adnet está nos Estados Unidos desde o ano de 1987, se fixando em Nova York. Sua carreira profissional começou aos 15 anos de idade, no incrível grupo vocal “Céu da Boca”, e também figurou com destaque por 10 anos, como vocalista, na “Banda Nova” de Antonio Carlos Jobim. Depois disso, partiu para carreira solo, com apresentações e gravações com vários artistas de renome do Jazz e da Bossa Nova.
Neste trabalho, sua voz está muito bem encaixada. Destaque para o seu timbre vocal, que é muito bonito, envolvente e com uma interpretação, marcante e passional.
Já o pianista Helio Alves está nos Estados Unidos, desde os 18 anos de idade e estudou na renomada Berkelee College Of Music e está radicado em Nova York, desde o ano de 1993.
Sua técnica é muito apurada e teve na sua formação musical, a música clássica e o Jazz. Ouvia, desde pequeno, os discos de Oscar Peterson e Dave Brubeck. E cita também como influências, os geniais Chick Corea, McCoy Tyner, Keith JarretT e Bill Evans. Em vários anos de carreira no exterior, coleciona importantes lançamentos como líder e participações especiais em inúmeros trabalhos ao lado de artistas importantes do Jazz.
Não deixe de ouvir, “O Cantador”, “Waters Of March”, “Coração Vagabundo”, “Caminhos Cruzados”, “Desafinada”, “Canto Triste”, “April Child” e a faixa título “Milagre”. Um CD que considero delicioso, intimista e que nos emociona a cada faixa escutada.
No ano de 2006, para o selo Kind Of Blue Records, a cantora Maucha Adnet nos presenteou com um CD primoroso com 13 músicas, homenageando Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, nosso maestro soberano, com quem ela conviveu muito de perto por 10 anos e por ele nutria um carinho todo especial.
Maucha teve participações muito especiais, ao lado de Jobim, nos álbuns, “Passarim” e “Tom Jobim – Inédito” - 1987, “Antonio Carlos Jobim & Gal Costa – Rio Revisted” – 1989 e “Antonio Brasileiro” – 1994.
Além de participar de várias turnês de absoluto sucesso pelo Brasil, Estados Unidos, Japão e Europa, com a incrível “Banda Nova”.
Sem contar também suas apresentações nos melhores e mais importantes teatros e casas de shows do planeta, como o Carnegie Hall, Avery Fisher Hall, Blue Note e Birdland.
Ao seu lado estiveram, neste registro, Mario Adnet e Romero Lubambo no violão, Helio Alves e Alfredo Cardim no piano, Jay Ashby no trombone, Randy Brecker e Claudio Roditi no flugelhorn, Duduka da Fonseca na bateria, Joe Lovano no saxofone e Nilson Matta no contrabaixo.
Os temas clássicos e eternos, “Vivo Sonhando”, “Ela é Carioca”, “Chega de Saudade”, “Samba do Avião”, “Desafinado”, “Corcovado” e “Garota de Ipanema”, receberam versões muito especiais e inspiradas.
A cantora Maucha Adnet é outra prova de que o talento brasileiro está mais valorizado lá fora do aqui no Brasil.
Já está na hora de mudarmos este cenário, dando valor e o merecido reconhecimento a estes talentosos artistas, que fazem muito sucesso no exterior.
Defendo que santo de casa pode e deve fazer milagre por aqui. Só depende de cada um de nós, para reverter este quadro.
A cantora Maucha Adnet é um raro talento brasileiro, que leva para todas as partes do planeta a, verdadeira música brasileira.
Postado em: 01/06/2015
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