GIGANTES DO JAZZ – CHET BAKER
Na semana passada, mais precisamente no dia 13 de maio, completou-se 25 anos do falecimento de uma das maiores lendas do Jazz, o trompetista e cantor Chet Baker.
Até os dias de hoje as circunstâncias da sua morte são imprecisas, nos deixando dúvidas e várias versões foram sugeridas sobre o que realmente aconteceu.
Suicídio, acidente, assassinato são algumas das hipóteses possíveis, pois ele despencou estranhamente do 2º. andar do hotel onde morava na cidade de Amsterdan na Holanda, com apenas 58 anos de idade, mas com aparência de mais de 80 anos, principalmente em razão da sua dependência as drogas pesadas.
Ele foi um dos músicos mais importantes da sua geração e esteve sempre a frente do seu tempo. Além de tocar seu instrumento como poucos e com absoluta suavidade, Chet Baker também inovou ao colocar sua voz pequena, porém sempre bem colocada e muito afinada, inaugurando um estilo único, que influenciou vários artistas.
Foi um dos criadores na década de 50 do “Cool Jazz”, conhecido como uma música econômica, com poucas notas executadas e de sonoridade bem tranquila. Tocou ao lado dos maiores: com os saxofonistas Stan Getz, Charlie Parker e Gerry Mulligan, com o pianista Dave Brubeck e sempre foi um admirador do também trompetista Miles Davis.
A fase que mais admiro da sua carreira teve início em 1953 quando ele gravou seu primeiro álbum como líder para o selo Pacific Jazz, onde posteriormente registrou discos memoráveis. E foi nesta fase que ele recebeu o incentivo para cantar baladas, além de tocar. Fez isso com absoluta propriedade e talento, deixando uma grande marca.
Recentemente foi lançado o livro “Funny Valentine – The Story Of Chet Baker” com 830 páginas, escrito por Mathew Ruddick para a Editora Melrose Brooks, ainda sem tradução e que apresenta uma visão mais humana sobre o artista.
Uma destas histórias interessantes do livro, conta sua parceria no ano de 1966, com o pianista brasileiro João Donato, que na época estava nos Estados Unidos. Donato se apresentava numa temporada com seu trio em um clube noturno na cidade de Sausalito, na Baía de São Francisco, e tinha como convidado especial, Chet Baker que cantava e tocava composições brasileiras de Edu Lobo e Antonio Carlos Jobim. Até que um dia chegou novamente atrasado (como sempre fazia), só que desta vez com um lenço sobre a boca toda ensanguentada em razão de uma surra que havia levado de 5 pessoas, provavelmente traficantes.
Depois desta noite trágica, não tocou mais da mesma forma, afinal perdera todos os dentes superiores da boca e o projeto do disco Donato/Baker que estava sendo planejado também não se realizou. Precisou usar dali em diante de uma dentadura, que o obrigou a desenvolver uma nova embocadura para tocar seu trompete.
Chet Baker um dia falou: “Se não estou tocando, estou deprimido, melancólico, quieto. Mas, se eu estou tocando, isso parece mudar”.
E se você quer conhecer um pouco mais sobre este gênio, assista o documentário “Let’s Get Lost”, dirigido pelo fotógrafo americano Bruce Weber, que foi feito com a colaboração do próprio Chet e que estreou alguns meses depois da sua morte, ocorrida no ano de 1988. Todo gravado em preto e branco, apresenta trechos de programas de TV e fotos do início da carreira, onde era comparado ao astro James Dean. A trilha sonora do documentário foi lançada também em CD aqui no Brasil, e é maravilhosa.
As interpretações de Chet Baker em “My Funny Valentine”, “There Will Never Be Another You”, “When I Fall In Love”, “Everything Happens To Me”, “You Don’t Know What Love Is”, “Stella By Starlight”, “I Thought About You” e “Forgetful”, são definitivas.
Chet Baker pode ser considerado cool, cult, ídolo do Jazz, e deixou como grande marca, o timbre da sua voz suave, que se confundia com a sonoridade do seu trompete, ambos parecendo soar como um mesmo instrumento.