GAROTA DE IPANEMA – JOVEM AOS 51
No dia 2 de agosto de 1962, Tom Jobim e Vinícius de Moraes apresentaram ao público, no Restaurante Au Bon Gourmet, em Copacabana, pela primeira vez, a música “Garota de Ipanema”, que se tornou uma das mais gravadas e executadas de todos os tempos.
Naquela noite memorável, se apresentaram, além de Tom e Vinícius, João Gilberto e Os Cariocas, interpretando várias músicas inéditas: “Só Danço Samba”, “Samba de Uma Nota Só”, “Corcovado”, “Samba da Bênção”, “Amor em Paz”, “Samba do Avião”, “O Astronauta”, “Samba da Minha Terra” e “Insensatez”. Foi a primeira e a última vez que esse time se reuniu. E este encontro marcou uma página muito importante da história da Bossa Nova. E, pasmem vocês, este show foi gravado, mas nunca lançado.
Vamos continuar a destacar aquela garota, que em 2013 completa 51 anos de vida, cada vez mais linda e mais cheia de graça. Também pudera, não faltou inspiração a esta dupla especial. E curiosamente, antes de ter a letra, a melodia, que Tom tinha feito, recebeu o nome de “Menina que Passa”.
A inspiração para a composição da música virou lenda e ganhou inúmeras versões. A mais conhecida dizia que Tom e Vinícius sempre se reuniam para conversar e compor numa mesa de bar, no Bairro de Ipanema, no antigo Bar Veloso, hoje Bar Garota de Ipanema, na esquina da Rua Montenegro, hoje Rua Vinícius de Moraes, e por ali sempre passava uma moça muito bonita, de olhos verdes, cabelos longos, 1,73 metro de altura, indo sempre em direção à praia, encantando a todos. Seu nome, Helô Pinheiro, atualmente uma jovem de 68 anos de idade, cheia de vida, charme, beleza e vitalidade.
A tal mesa de bar existe de verdade e está lá até hoje e você pode visitar o local e ter o grande prazer de sentar-se nela, assim como eles sempre faziam. Ao fundo, na parede, a partitura original ampliada e assinada pela dupla, criando todo o clima. Eu já experimentei fazer isso e posso garantir que vale muito a pena. E não se esqueça de brindar, degustando um chope bem gelado. O ritual, seguido desta forma, fica perfeito e homenageia seus criadores e a sua bela homenageada.
O primeiro cantor que a gravou foi o Pery Ribeiro, no ano de 1963, no disco “Pery é Todo Bossa”, mas foi a gravação feita em 1964, no disco “Getz/ Gilberto”, do saxofonista Stan Getz e do violonista João Gilberto, e por puro acaso, teve a voz de Astrud Gilberto, sua mulher na época, que nunca havia gravado até então, produção de Creed Taylor para o selo Verve, que a música ganhou o mundo, definitivamente.
Na bagagem, esta histórica gravação recebeu 4 prêmios Grammy. Depois, vieram as gravações de Frank Sinatra, Ella Fitzgerald, Sarah Vaughan, Diana Krall e mais de 200 versões. Simplesmente a segunda música mais tocada em todo mundo, perdendo apenas para “Yesterday”, dos Beatles.
O compositor Tom Jobim e o poeta Vinícius de Moraes nunca imaginaram que esta música ganharia tanta notoriedade. Virou um hino que retratou o que de melhor aconteceu na fase áurea de Bossa Nova, atravessando décadas, mostrando a todos nós como uma música pode ser jovem e atual, depois de passados tantos anos, de inúmeras regravações e versões nas mais diversas línguas.
A tal “Garota de Ipanema”, sempre ela e somente ela, continua aquela menina que vem e que passa, linda, inspiradora e eterna.