Conheci o trabalho versátil do cantor, violonista, gaitista, saxofonista e pandeirista Rodrigo Rodrigues no início dos anos 90, quando ele ainda integrava o grupo Música Ligeira, que teve uma história musical de 16 anos e contava também com as participações dos músicos Mário Manga e Fabio Tagliaferri. Gravaram dois CDs e 1 DVD, todos muito raros no mercado e fizeram sucesso no mercado alternativo de shows.
Eles eram irreverentes, criativos, engraçados e tinham um estilo raro e único de apresentar releituras da nossa MPB, clássicos do Jazz e da música Pop, de uma forma muito marcante e inovadora.
Assisti a um show inesquecível do trio Música Ligeira em São Paulo, no aconchegante Teatro Crowne Plaza, bem no início da carreira do grupo e ali me encantei com a variedade de instrumentos acústicos como violão, cello, viola de arco, bandolim, gaita, pandeiro e saxofone executados pelos seus integrantes. Uma interpretação do clássico “Moonglow”, numa levada de Bossa Nova, eu nunca mais me esqueci.
O grupo só acabou em razão do falecimento precoce de Rodrigo Rodrigues, ocorrido no ano de 2005, vítima de leucemia aos 44 anos de idade. Uma grande perda.
E, por acaso, descobri o CD póstumo “Fake Standards”, de Rodrigo Fernandes, lançado dois anos depois do seu falecimento, mais precisamente em 2007, pelo selo Dubas Brasil, em que ele interpreta, de forma única, clássicos americanos.
O disco foi gravado em 2001, no estúdio do seu companheiro de Música Ligeira, Mário Manga, e durante 6 anos as gravações ficaram guardadas. Nem por isso, perderam a sua importância. O álbum ficou à espera de uma gravadora para ser lançado de uma forma decente. E assim foi feito, valorizando ainda mais a obra deste grande músico.
Rodrigo Rodrigues não atingiu a fama, mas foi muito admirado por várias pessoas e por diversos músicos, que puderam compartilhar com ele, grandes momentos musicais.
O disco conta com 14 regravações, a grande maioria de clássicos do Jazz e é de extremo bom gosto. Em todas as faixas podemos encontrar a ousadia das releituras do grupo Música Ligeira, associados à bela interpretação de Rodrigo Rodrigues.
Na maioria das faixas ele é acompanhado apenas de violão, além da clarineta, gaita e saxofone, todos tocados por ele mes-mo, além das participações especiais de Mário Manga (viloão e cello), Adriana Holtz (cello), Marcia Lopes (vocais), Luiz Amato (violino) e Fábio Tagliaferri (viola).
Seu timbre vocal foi muito influenciado por Chet Baker, João Gilberto, Caetano Veloso e John Pizzarelli e no repertório destaco os temas “Let`s Face The Music and Dance”, “Laura”, “September Song”, “Cry Me A River”, “My Funny Valentine”, “Sweet Lorraine” e “Isn`t a Lovely Day”.
Outro detalhe interessante, é que Rodrigo Rodrigues, de forma muito criativa, inclui várias citações de outros temas nos seus solos, o que dá um toque muito personalizado às gravações.
Dono de uma voz extremante afinada ele tinha grandes qualidades e desta forma a Rádio Jornal da Orla/Digital Jazz presta uma homenagem a este grande artista, que deixou muitas saudades e um legado musical que merece ser preservado e divulgado para aqueles que eventualmente não o conheceram.
Seja no grupo Música Ligeira ou como líder em “Fake Standards”, sua arte permanece viva entre nós. Para sempre.
Descobri por acaso a talentosa cantora argentina (radicada nos Estados Unidos) Karen Souza que, no ano de 2012, lançou, pelo selo Music Brokers, seu segundo trabalho, gravado integralmente em Los Angeles, nos famosos estúdios The Factory e Century 21, álbum produzido por Joel McNeely, que já assinou trabalhos de Tony Bennett, Peggy Lee e Al Green. Nada mal.
Seu primeiro disco, do ano de 2011, “Essentials”, reuniu as suas melhores gravações dos 3 álbuns da série Jazz and The `70s, `80s e `90s, que ajudou a impulsionar sua carreira.
Ela é bonita e possui uma voz sedutora que tem conquistado muitos fãs por onde se apresenta e tem, no repertório do Jazz, sua grande fonte de inspiração. E adora também o Brasil e a Bossa Nova, além de viajar e compor, nos diversos destinos deste planeta que está regularmente visitando. Ela não para de jeito nenhum..
Mais de 15 músicos participaram do projeto e o detalhe mais curioso do disco foi a participação de vários integrantes da banda original do cantor Marvin Gaye, na releitura do clássico “I Heard It Through The Grapevine”. Sensacional.
Meus outros destaques ficam para as suas composições autorais “Paris”, “Night Demon”, “Delectable You”, “Full Moon” e “Break My Heart” e os clássicos “Dindi” e “My Foolish Heart”, ambas com uma levada incrível de Bossa Nova.
O resultado final é um CD muito interessante, que mistura uma sonoridade moderna e clássica, ao mesmo tempo, sem perder a rota traçada e a qualidade necessária.
Postado em: 22/07/2013
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