Parece incrível, mas o raro encontro da cantora Elis Regina com o nosso eterno maestro Tom Jobim, ocorrido no ano de 1974, completa 43 anos. O tempo passou e a música tratou de eternizar este grande momento da nossa MPB.
Aconteceu por acaso e era um sonho antigo de Elis. E só foi possível graças a André Midani, na época Presidente da gravadora Philips, que ofereceu um presente para comemorar os seus dez anos de carreira. Sugeriu uma viagem ao exterior, um carro zero, chegando ao ponto de oferecer qualquer coisa que ela quisesse.
Elis não pensou duas vezes e numa resposta rápida, disse que queria fazer um disco com Tom Jobim. Por este presente, ele não esperava, é claro.
Nesta época, Tom Jobim vivia nos EUA, em Los Angeles e toda a produção deveria ser feita por lá, o que seria bastante dispendioso. E não havia certeza de que Tom toparia participar do projeto.
Apesar disso, Elis e sua trupe embarcaram para L.A., para realizar seu grande sonho. E o produtor Aloysio de Oliveira, criador do selo Elenco, que estava no projeto também, garantiu que não haveria nenhum problema para o Tom aceitar.
Tom Jobim educadamente recebeu toda equipe no aeroporto e depois de um saboroso café da manhã servido na sua casa, Aloysio disparou: “Eles vieram até aqui para gravar um disco com músicas suas e com a sua participação”.
Exigente ao extremo, não foi fácil convencê-lo da proposta bem brasileira da concepção musical do projeto. Ele insistia em ter os arranjos de Claus Ogerman, Johnny Mandel, Don Sebesky, Dave Grusin. Tentou falar com todos e não conseguiu encontrar nenhum deles e teve que aceitar o talento de Cesar Camargo Mariano, arranjador do disco.
Depois de algumas horas tocando, de muitas conversas e reflexões decidiram gravar quatorze músicas.
Foram necessários mais 20 dias exaustivos na preparação dos arranjos feitos por Cesar, para depois finalmente entrarem nos estúdios da MGM. Conseguiram gravar todas as faixas em apenas dois dias.
Magnificamente.
Os cúmplices foram o regente Bill Hitchcock, o técnico de áudio Humberto Gatica e os músicos Luizão Maia no contrabaixo, Hélio Delmiro na guitarra, Paulo Braga na bateria, Oscar Castro Neves no violão e Cesar Camargo Mariano nos arranjos e no piano elétrico.
Elis cantou e interpretou com rara inspiração e Tom arrebentou na voz, no piano acústico e no violão. Apesar de toda tensão, Tom Jobim foi convencido e quando ouviu o resultado final, se apaixonou e se orgulhou de participar deste trabalho antológico, que registrou o encontro de gigantes. Para sempre Elis & Tom!