E lá se foram 54 anos! Viva a Bossa Nova!
Na noite de 21 de novembro de 1962, uma quarta-feira chuvosa, a Bossa Nova viveu um dos capítulos mais importantes da sua existência. Mudaria o rumo da sua história e dos seus principais protagonistas. Era a noite da Bossa Nova para os americanos verem e ouvirem ao vivo e em cores, num dos seus maiores templos culturais dos Estados Unidos: o Carnegie Hall, de Nova York.
Aconteceu graças ao empenho da gravadora americana Audio Fidelity e do governo brasileiro, através do Itamaraty e o show foi cercado de muitas polêmicas e incertezas. E curiosamente, a imprensa brasileira fez pouco caso com o grande evento, inclusive prevendo um possível fiasco. Claro que nada disso aconteceu, embora algumas falhas e deslizes naturais tenham acontecido.
Esta apresentação começou a ser planejada alguns meses antes do show, quando o executivo da gravadora Audio Fidelity, Sidney Frey veio ao Brasil e conheceu pessoalmente o famoso Beco das Garrafas e os principais artistas que por lá se apresentavam.
Os músicos brasileiros que se apresentaram, na época, tinham pouco mais de 20 anos de idade e para lá foram Antonio Carlos Jobim, João Gilberto, Luiz Bonfá (os únicos que já tinham algum prestígio) e mais Oscar Castro Neves, Sérgio Mendes, Roberto Menescal, Carlos Lyra, Chico Feitosa, Milton Banana, Sérgio Ricardo, Normando Santos, Dom Um Romão, Luiz Bonfá, Agostinho dos Santos, Carmen Santos, Bola Sete, Ana Lúcia e vários outros desconhecidos.
Na plateia lotada por mais de três mil pessoas, alguns nomes da primeira linha do Jazz: o cantor Tony Bennett, os trompetistas Dizzy Gillespie e Miles Davis, os saxofonistas Gerry Mulligan e Cannonball Adderley, o flautista Herbie Mann, o The Modern Jazz Quartet. E muitos deles, inclusive foram recepcionar o time de músicos brasileiros no aeroporto quando eles chegaram ao solo americano. Uma grande prova de que a Bossa Nova influenciou o Jazz e vice-versa.
A primeira consequência imediata deste show, o fato de muitos destes músicos americanos gravarem o repertório da Bossa Nova, e isso serviu para que o gênero ganhasse o mundo e rompesse as suas fronteiras territoriais.
A segunda, e mais marcante, determinou que alguns dos músicos brasileiros trocassem o Brasil pelos Estados Unidos. Oscar Castro Neves, Sérgio Mendes, Tom Jobim e João Gilberto abriram mercado por lá imediatamente depois daquela apre-sentação A partir daquela noite, a Bossa Nova não foi mais a mesma. E não poderia ser diferente. Um momento lindo e marcante na história da Música Popular Brasileira.