O guitarrista e cantor americano George Benson lançou, no ano passado, pela editora Da Capo Press, nos Estados Unidos, sua autobiografia, em conjunto com Alan Goldsher, renomado crítico de música e cultura da cidade de Chicago.
O livro é distribuído em 8 capítulos e tem o prefácio assinado pelo premiado comediante, ator, cantor, músico, produtor e escritor Bill Cosby.
Ganhei de presente meu tão esperado exemplar, dos queridos amigos Cristiane Niglio e Valter Rubin, que, no final do ano passado, passearam por São Francisco e Las Vegas e desviaram o roteiro de passeios, para adquirirem o livro.
George Benson foi o grande responsável pela minha escolha em entrar no mundo da música, mais especificamente na produção. Em 1982, ainda adolescente, assisti um show dele em Nova York, no mítico Radio City Music Hall. Aquele show marcava o início da turnê mundial de lançamento do famoso álbum duplo The George Benson Collection, que contém seus maiores clássicos e algumas músicas inéditas. Ele foi acompanhado por uma superbanda, além de uma afinada orquestra de cordas. Um show memorável, inesquecível e que mudou a minha vida para sempre.
O livro conta várias passagens de sua vida, que começou com uma infância muito difícil pelas ruas da cidade de Pitsburgh, onde nasceu e morou.
Sua mãe, Emma, passou por algumas necessidades financeiras e criou Benson ao lado do padastro, Tom Collier, este, personagem muito importante na sua formação. Ele era guitarrista amador e presenteou George Benson com o seu primeiro Ukulele e uma guitarra feita à mão, além de mostrar as primeiras gravações do pioneiro da guitarra do Jazz, Charlie Chrstian.
Benson foi uma criança prodígio, autodidata e aos 7 anos começou a tocar nas ruas em troca de alguns trocados para sobreviver. Desde cedo, era fã do pianista e cantor Nat King Cole, que, para ele, sempre foi um grande “showman” e seu grande ídolo.
Depois de uma temporada num reformatório, quando adolescente, ele percebeu que deveria ficar afastado das confusões da ruas e das gangues, entrando num conjunto vocal da escola. As coisas, depois disso, começaram a mudar na sua vida.
Ao lado do padastro, aos 15 anos, já tocava em vários “nightclubs” da cidade e começou a se interessar pelo Jazz, ouvindo o guitarrista Wes Montgomery, e se impressionou com o pioneirismo do “bebop” do saxofonista Charlie Parker.
Sua estreia como profissional foi no 1964, ao lado do quarteto do organista Jack Mcduff, quando gravou um disco clássico e realizou sua primeira turnê profissional.
Em 1966, o lendário produtor John Hammond, assinou com ele seu primeiro contrato pela Columbia Records, um dos maiores selos do Jazz naquela época.
Outro momento importante da sua carreira, foi no ano de 1976, quando gravou pelo selo Warner Bros., o disco “Breezin'”, produzido por Tommy Lipuma, que lhe rendeu seu primeiro prêmio Grammy. Foi um divisor de águas na sua carreira, pois, a partir desta gravação, Benson se tornou um artista mais comercial e conhecido. E isso sempre foi o que ele perseguiu.
Diferente do seu grande ídolo Nat King Cole, que largou o piano para apenas cantar, Benson, nunca largou sua guitarra. Toca e canta até hoje, como poucos.
Uma história de vida vibrante, colorida, com grandes memórias e experiências boas e ruins. Um verdadeiro gênio para mim.
No ano de 2008, o mundo comemorou os 50 anos do surgimento da Bossa Nova e, no mesmo ano, o sofisticado e talentoso contrabaixista carioca Luiz Alves, entrou em estúdio para lançar apenas 1.000 cópias do seu primeiro trabalho como líder.
Com 10 faixas gravadas, o CD traz 7 composições próprias em parceria com Wagner Tiso e Luizão Paiva e outras 3 de outros compositores, que são das duplas Luiz Eça & Aloysio de Oliveira, João Donato & Lysias Enio e de Kiko Continentino.
Na minha opinião, ele esperou muito tempo para gravar e para nos mostrar seu trabalho autoral. Sua levada precisa no contrabaixo é absolutamente incrível e envolvente. E a demora para gravar um disco solo se deve principalmente pelas diversas e marcantes participações em estúdio ou nos palcos, acompanhando os maiores nomes da nossa música.
Na lista de suas importantes participações, estão algumas ao lado de Tom Jobim, Paulo Moura, Nana e Dori Caymmi, Sivuca, Egberto Gismonti, Luiz Eça e o seu grande parceiro João Donato, que ele acompanha há quase 40 anos.
Outra participação de destaque ocorreu no início da década de 70, no famoso grupo “Som Imaginário”, formado por ele, Wagner Tiso, Robertinho Silva, Nivaldo Ornelas, Paulo Braga entre outras feras.
Começou a tocar violão aos 8 anos de idade, por indicação do seu pai e somente aos 18, encarou definitivamente o contrabaixo como seu instrumento principal.
O CD “Mar Azul” é maravilhoso de ponta a ponta e apresenta uma levada revigorada da Bossa Nova, ao lado de convidados muito especiais, que de alguma forma estiveram com ele nos palcos em mais de 50 anos de carreira. São eles: Alberto Chimeli (piano), Bebeto Castilho (flauta), Idris Boudrioua (saxofone), João Donato (piano), José Arimatéa (trompete), Robertinho Silva (bateria), Wagner Tiso (piano), Maurício Einhorn (gaita), Kiko Continentino (piano), Clauton “Neguinho” Salles (bateria e trompete), Ricardo Costa (bateria) e Ricardo Pontes (flauta).
Ouça os temas “Bolerito Pro Gusmão”, “Desilusão”, “Fátima”, “Don Donato”, o clássico “Imagem”, “Abre o Olho”, “Vento no Canavial” e a faixa título “Mar Azul”.
Seja na Bossa Nova, na MPB, no Jazz ou na música instrumental, ouvir Luiz Alves é sinônimo de bom gosto e alegria.
Ele toca um dos meus instrumentos favoritos: o cello. E pode ser considerado como um dos músicos mais requisitados, experientes e talentosos do nosso país. Além de mandar muito bem como compositor, arranjador, maestro e produtor.
Em 40 anos de carreira, são raros e primorosos os seus lançamentos como líder. Destaco três discos muito especiais para mim: o do Quarteto Jobim/Morelenbaum (1999), formado por ele, sua esposa e incrível cantora Paula Morelenbaum e mais Paulo Jobim (violão e voz) e Daniel Jobim (piano e voz), “Casa” (2002), gravado integralmente na casa de Tom Jobim e “A Day In New York” (2003) com o Morelenbaum2/ Sakamoto, dele e Paula, ao lado do talentoso músico e produtor japonês Ryuichi.
No ano de 2003, com uma formação também especial, formou o Jacques Morelenbaum Cello Samba Trio, composto por ele nos cellos, pelo genial e arrepiante Lula Galvão no violão e pelo garoto prodígio Rafael Barata na bateria e percussão.
Somente em 2014, se reuniram em estúdio, para gravar o álbum lançado pelo selo Biscoito Fino com 12 faixas muito inspiradas.
Pude assistir ao vivo, no Fest Bossa & Jazz 2014, na praia de Pipa/RN, à apresentação desta formação especial e posso garantir que ao vivo eles fazem um som mágico e envolvente. Foi um dos shows mais aplaudidos do festival, que contou com a participação muito especial da cantora Paula Morelenbaum.
Gosto muito da mistura deste instrumento mais acostumado a se apresentar no repertório clássico, passeando por um repertório mais popular, como o Samba, a Bossa Nova e o Jazz.
Também merecem destaque suas parcerias com Caetano Veloso, Gilberto Gil, Sting, Milton Nascimento, Hubert Laws, Kenny Barron. E a sua marcante participação por 10 anos, na Nova Banda, última formação do saudoso maestro Tom Jobim.
Seleciono os temas “Tim-Tim Por Tim-Tim”, “Eu Vim da Bahia”, “Coração Vagabundo”, “Retrato em Branco e Preto”, “Sambou...Sambou”, “Outra Vez” e “Você E Eu”.
Se você está à procura de uma sonoridade diferente, este CD é uma excelente opção para agradar nossos ouvidos, que andam tão cansados de ouvir tantas porcarias.
Música brasileira genuinamente interpretada por brasileiros, padrão exportação para todos os países do planeta.
Postado em: 19/01/2015
Deixe um comentário. É importante o preenchimento de todos os campos.