O Jazz está mais triste. A razão foi a partida no dia 5 de dezembro, um dia antes de completar seu 92º. Aniversário, do pianista Dave Brubeck, que pode ser considerado como um dos principais e mais influentes pianistas da história do Jazz.
Sua carreira começou a ganhar destaque no ano de 1951 quando lançou e liderou seu “célebre” quarteto e pela sua genialidade foi o primeiro músico de Jazz branco a ter seu rosto estampado na renomada revista americana “Time”, na edição de 8 de novembro de 1954. Na matéria ele dizia que o Jazz “poderia ser frenético, inovador e sofisticado”. Sábias palavras que ficaram marcadas na história. Ficou muito agradecido pela matéria e convencido que a partir daquele momento as pessoas passariam a interpretar o Jazz de outra forma, talvez de uma forma menos revolucionária e rebelde. E só para lembrar, o genial trompetista e cantor Louis Armstrong já havia conseguido ter este honroso destaque na mesma revista no ano de 1949.
Em 1959, lançou o álbum “Time Out”, para o selo Columbia, que é considerado um dos discos mais importantes de todos os lançamentos do Jazz, e que na época ultrapassou a histórica e surpreendente marca de vendas de mais de 1 milhão de cópias. O disco tinha alguns ingredientes para dar errado: somente composições inéditas e interpretações em andamentos muito inovadores e bem diferentes do que era ouvido na época. Na prática, o disco se tornou um verdadeiro fenômeno, cultuado até os dias de hoje. E no seu repertório, encontramos o tema “Take Five” (composição de Paul Desmond, saxofonista do seu quarteto), considerado também um dos temas mais marcantes de todos os tempos. É um dos meus temas preferidos e extremamente marcante na sua pulsação ritmada. Ao ouvir, sinta que é impossível ficar parado e automaticamente alguma parte do corpo, começa a se movimentar. Ao seu lado, estiveram os também geniais Paul Desmond (sax alto), um verdadeiro monstro, Eugene Wright (contrabaixo) e Joe Morello (bateria).
Versátil e criativo, Brubeck também compôs temas clássicos para óperas e balés, não negando suas fortes influências da música clássica, que inclusive também levou fortemente para o mundo do Jazz. Deixa um legado de mais de duzentas e cinqüenta composições. Uma marca invejável e que ratifica seu grande talento.
Uma história curiosa da sua vida foi quando ele serviu para o Exército Americano na 2ª. Guerra Mundial e nos intervalos dos combates, reunia uma turma de músicos e tocava para as tropas de soldados nos eventos promovidos pela Cruz Vermelha. E já nesta época ele formou um time de músicos “de todas as cores e raças”, manifestando-se claramente contra a segregação racial, muito evidente naquele momento da história americana, inclusive no exército. Belo e elevado gesto de um grande ser humano que sempre lutou contra a discriminação.
Em sua trajetória musical fez o Jazz ser mais alegre e desta forma a Rádio Jornal da Orla/Digital Jazz presta uma justa homenagem a este grande nome que foi parte integrante e importante na formação da história do Jazz, como um dos seus principais personagens. Até muitíssimo breve, caro Dave Brubeck.
Aproveito para desejar um FELIZ ANO NOVO, com muita paz, harmonia e com grandes realizações. E que em 2013, todos nós escutemos muito Jazz, Bossa Nova, MPB e Blues, é claro. Sintonize a Rádio Jornal da Orla/Digital Jazz. Muitas novidades estão sendo preparadas especialmente para você.