A Bossa Nova perdeu em 2015 um de seus maiores patrimônios: Luiz Carlos Miele, artista muito querido, musical, versátil, alegre e talentoso. Um legítimo e completo “showman”, que sabia como poucos contar boas histórias.
Sem dúvida, foi um dos maiores produtores musicais deste país, grande apresentador e um incrível contador de histórias. Além de ator, apresentador de TV, dançarino, diretor, cantor e compositor entre outras atividades.
Apesar de ter nascido em São Paulo, tinha no coração a alma carioca. E ele sempre brincava dizendo que era carioca durante o dia e paulista durante a noite.
Com 67 anos de carreira, Miele tinha voltado à cena nos últimos anos de vida com força total e desenvolveu simultaneamente vários projetos importantes.
Um destes projetos, ele lançou pouco tempo antes de partir pela Bookstart, plataforma de “crowdfunding” e editora, projeto de financiamento coletivo para a publicação da obra “Miele – O Contador de Histórias”.
Com 344 páginas, distribuídas em 46 capítulos repletos de passagens importantes da nossa música, o livro é uma agradável reunião de suas grandes experiências. O prefácio é assinado pelo seu grande amigo Lula Vieira.
Miele, inclusive tinha participado um pouco antes de falecer, do lançamento do livro e depois dos autógrafos subiu ao palco acompanhado pelo pianista Alfredo Cardim, apresentando seu show musical e muitas piadas. Ali ninguém poderia imaginar que ele estava se despedindo de todos os amigos.
A obra é narrada em primeira pessoa e destaco alguns destes capítulos, que ele conta com detalhes passagens importantes da sua própria vida.
O capítulo que fala do mítico Beco das Garrafas, ele relata que o primeiro show que ele assistiu foi o do Tamba Trio, com Luiz Eça no piano, Bebeto no contrabaixo e Hélcio Milito na bateria. Depois veio Elis Regina e na sequência o primeiro show que fez ao lado de Ronaldo Bôscoli, com Sérgio Mendes. A dupla Miele & Bôscoli iniciava ali uma das mais importantes parcerias musicais da nossa música brasileira. Já no capítulo onde fala de Elis Regina, uma artista com um talento que ele não se acostumava, ele disparou numa entrevista quando lhe perguntaram quais as três maiores cantoras do Brasil e ele respondeu: “Elis Regina. Acho que a Elis é a primeira, a segunda e a terceira cantora do Brasil”. Na época, esta declaração causou muita polêmica.
Imperdíveis também os capítulos que falam de Roberto Carlos, Roberto Menescal, Maysa, Vinicius de Moraes, Tom Jobim, Sarah Vaughan, Wilson Simonal entre outros.
Posso garantir que a leitura será muito prazerosa e com diversão garantida.
Miele tinha o dom de contar histórias. E com um grande diferencial, pois ele viveu todas elas como grande protagonista. Miele, era o cara que contava sua vida através das suas histórias.