Um ano depois da estréia nos cinemas do documentário “A Música Segundo Tom Jobim”, atualmente já disponível em DVD, o renomado cineasta Nelson Pereira dos Santos entrega o segundo filme homenageando o nosso querido maestro, “A Luz do Tom”, que estreou no circuito nacional na semana passada. O roteiro do filme foi assinado por ele e pela cantora Miúcha Buarque de Holanda, irmã de Chico Buarque.
Se no primeiro filme a música e as suas grandes composições foram o destaque (apenas som e imagem, sem qualquer palavra), já no segundo filme, o destaque ficou por conta da sua intimidade, contada sob o olhar de três mulheres muito importantes na sua vida: Helena Jobim, sua irmã; Thereza Hermanny, sua primeira esposa e Ana Lontra Jobim, sua segunda esposa. Elas foram as grandes protagonistas do documentário.
Helena relembra a infância e juventude e também os primeiros anos da formação musical do maestro, gravando nos belos cenários de Florianópolis como a Lagoa da Conceição e as praias da Joaquina e Moçambique (locações que tiveram a inspiração de Paulo Jobim, filho de Tom, que disse que aquela região litorânea de Santa Catarina lembrava muito a paisagem do Rio de Janeiro dos anos 30, semelhante ao local onde Tom cresceu). Já Thereza fala dos seus primeiros anos de carreira e o seu auge, tendo destaque nas locações, o Sítio do Brejal, em Itaipava, na região serrana do Rio. Já Ana conta as suas passagens mais divertidas e sua fase final de vida, com a locação do Jardim Botânico do Rio, um dos locais preferidos do nosso saudoso maestro. Ele sempre dizia “que o Jardim Botânico fazia parte do quintal da minha casa”.
Como curiosidade, a parte musical contou com o tema “Três Apitos” de Noel Rosa, única música do documentário que não era de sua autoria. As demais são de autoria do maestro, e foram apresentadas no filme respeitando o período narrado pelas protagonistas.
O filme traz também belas imagens aéreas, com destaques para a mata, a água e o urubu (ave de rapina preferida de Tom), que recebeu curiosamente um destaque especial no documentário. E Tom Jobim conhecia o urubu como poucos. Ao ponto de conhecer com riqueza de detalhes, as suas origens, raças e nações de urubus. Admirava o seu impecável desempenho em vôo e como eles dominavam os céus, os ventos e as correntes de ar.
A inspiração para o nome do documentário de Nelson Pereira dos Santos veio do título do livro escrito anos atrás pela irmã de Jobim, Helena (que foi uma das protagonistas do filme), “Antonio Carlos Jobim – Um Homem Iluminado”.
O diretor tinha com o maestro uma íntima relação de amizade desde os tempos do Cinema Novo e do início da Bossa Nova. Fez com ele um programa especial em quatro episódios para a extinta Tv Manchete, que teve grande repercussão na época e mais recentemente os dois filmes.
O filme está em cartaz em diversas salas espalhadas pelo Brasil e as mais próximas de nós, estão localizadas em São Paulo. Não preciso nem dizer que vale à pena subir a serra para conferir mais esta obra prima. Lamento apenas que a cidade de Santos, atualmente considerada pela mídia e por muitas pessoas como “a bola da vez”, ainda não seja referência cultural para receber filmes desta importância.
Se não for possível assistir o filme em alguma sala de cinema, lembro que ele deverá ser lançado no formato DVD nos próximos meses, possivelmente com uma versão mais extensa, visto que o Diretor informou que muitas imagens foram cortadas, para atender as exigências de duração do filme para o circuito comercial. Uma compensação pela provável e necessária espera.
O primeiro filme foi um sucesso de público e crítica. E o segundo, promete seguir o mesmo caminho. Mais uma prova de que “A luz de Tom Jobim” continuará a iluminar nossos caminhos. Um gênio, que através da sua música marcou para sempre a sua passagem pelo planeta terra, marcando definitivamente as nossas vidas.
Ele é um guitarrista argentino de nascimento e naturalizado brasileiro e um dos músicos que mais participou de gravações ao lado dos maiores nomes da MPB. Chegou ao Brasil de navio, pelo porto de Santos no ano de 1964, com cinco anos de idade ao lado da família, que teve que deixar Buenos Aires por questões políticas.
Aprendeu a tocar guitarra por aqui e pode ser considerado como um dos principais solistas do seu instrumento. Virtuoso e dono de uma técnica apurada, no ano de 2009 lançou pelo selo carioca Delira Música, uma marcante homenagem a Tom Jobim.
Ao lado de Sergio Barrozo no contrabaixo e Andre Tandeta na bateria regravou diversos temas do maestro com roupagem mais jazzística e os arranjos surpreendem pela ousadia e criatividade (em vez do tradicional violão, destaque para a guitarra elétrica).
Destaque para os temas: “Ligia”, “Vivo Sonhando”, “Chovendo na Roseira”, “Samba de uma Nota Só”, e as nem tanto gravadas “Olha pro Céu”, “Mojave” e “Tema de Amor de Gabriela”.
Considero como uma das mais surpreendentes homenagens musicais feitas ao nosso querido e eterno maestro. Sonoridade original e vibrante que nos encantam desde os primeiros acordes. Um CD belíssimo e muito especial.
Postado em: 16/02/2013
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