No próximo dia 25 de janeiro iremos comemorar o Dia Nacional da Bossa Nova. E também mais um aniversário do nosso querido “Tomzinho”, Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, maestro, arranjador, pianista, violonista, cantor e compositor, que completaria também neste dia, oitenta e seis anos de vida. Que agradável e justa coincidência. Claro que não foi por acaso e sim uma justa homenagem ao grande ícone da música brasileira. A data foi instituída oficialmente através da Lei no. 11.926 de 17 de abril de 2009, assinada pelo então presidente Lula.
E em 2013, iremos comemorar também o centenário de nascimento do nosso querido “poetinha” Vinicius de Moraes, uma das figuras mais importantes do movimento. Um motivo a mais para tornar a comemoração do próximo dia 25 ainda mais especial.
E para marcar estas datas tão importantes, resolvi falar um pouco sobre o disco “Bossa Nova – Sua História, Sua Gente”, lançado originalmente numa caixa belíssima com três long plays (1975) e no formato de CD (duplo) pelo Selo Philips/Polygram, contendo todas as suas trinta e seis faixas, antológicas e inesquecíveis.
A produção do disco foi assinada pelo genial Aloysio de Oliveira, um dos grandes nomes da Bossa Nova, tanto como produtor, como inspirado compositor. E o encarte que acompanha os CD`S vale muito pelo seu rico conteúdo. Assinado por ele, no texto você vai poder encontrar várias histórias da Bossa Nova, com vários detalhes e curiosidades e é impossível não se deixar contagiar por todas elas. Assim como a audição dos dois CD`S, a leitura do encarte se torna obrigatória. Apenas, deixe uma lupa ao seu lado para poder ler mais confortavelmente. As letras são muito pequenas.
Trata-se de um sensível depoimento de Aloysio de Oliveira, criador do selo Elenco (gravadora que virou ícone da Bossa Nova), compositor e parceiro de Tom nas imortais “Dindi”, “Inútil Paisagem”, “Só Tinha Que Ser Com Você” e tantas outras. Ele mesmo definiu: “Não tem nenhuma intenção de ser um informativo didático sobre o assunto. Ele é somente um panorama visto com meus olhos, contendo fatos vividos por mim e observações exclusivamente minhas”. Com muita propriedade, escreve sobre o ritmo, a melodia, a letra, a interpretação, as influências, os compositores e os intérpretes.
Dos dois CD`s seleciono “Só Danço Samba” com Donato e seu Trio, “Samba do Avião” com Os Cariocas, “Influência do Jazz”, com Leny Andrade, “Minha Saudade” com Tamba Trio, “Samba da Pergunta” com João Gilberto, “Ela é Carioca” com Sérgio Mendes e Bossa Rio, “Chuva” com Os Gatos entre outros clássicos.
E o mais importante de tudo isso, é poder constatar que em 2013 o gênero continua preservado e difundido com vigor. Apesar do mercado e da mídia tentar nos mostrar o contrário, o movimento continua sendo cultuado por uma fanática legião de fãs, que cansados de tantas porcarias musicais lançadas todos os dias, fazem da Bossa Nova seu porto sempre seguro.
E existe um necessário processo de renovação (para que a Bossa Nova possa se perpetuar). As gerações mais novas estão também descobrindo e procurando conhecer com mais detalhes o gênero, podendo ser sentida através da atualização da sonoridade feita por alguns artistas, sejam eles mais tradicionais, como os nomes mais atuais, que trazem a levada original da Bossa Nova e incorporam alguns ingredientes da modernidade, dando um ar de frescor e juventude a essa eterna moça (que é a Bossa Nova) que tem mais de cinqüenta e quatro anos.
E como diz a letra de “Chega de Saudade”, interpretada de forma única e definitiva pelo genial João Gilberto em 1959, considerado como marco zero da Bossa Nova, “Vai minha tristeza e diz a ela, que sem ela não pode ser”. Então, sem a Bossa Nova não dá pra viver.
Sou fã incondicional do grupo vocal Os Cariocas. Desde pequeno, em casa, graças a meus pais, escutava na vitrola seus principais discos e sempre me surpreendi com o talento e com os belíssimos arranjos dados as músicas interpretadas pelo grupo.
E para mim, Os Cariocas representam de forma definitiva a sonoridade da Bossa Nova. Eles estão integrados absolutamente para sempre e é impossível separar um do outro. Falar em Bossa Nova é obrigatório mencionar Os Cariocas e vice-versa.
Selecionei um disco muito especial, lançado em 1990 pelo selo Somlivre e que marcou o retorno do grupo depois de vinte e um anos de ausência e separação. E para esta reunião especial lá estiveram Severino Filho (piano), Badeco (violão), Luiz Roberto (contrabaixo) e Quartera (bateria). Quatro vozes extraordinárias, afinadas e eternas.
Não deixe de ouvir a faixa título “Minha Namorada”, “Samba do Avião”, “Você e Eu”, “Ela é Carioca”, “Wave”, “Samba de Verão” e “Águas de Março”.
O grupo atualmente está em plena atividade, com uma formação muito diferente da original, mantendo apenas Severino Filho como integrante mais antigo e que participa do grupo desde o início.
Tive a honra de trazer Os Cariocas para Santos em duas oportunidades e tenho que confessar que nos seus shows pude sentir uma das maiores emoções da minha vida. Ouvir o grupo ao vivo é sinônimo de pura emoção. Bossa Nova pura e natural.
Postado em: 21/01/2013
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