O som da Filadélfia

O som da Filadélfia

 

Esta semana vou destacar uma sonoridade única e marcante. Trata-se do “Som da Fildafélfia”, que teve seu auge na década de setenta e que tinha como grande característica reunir os gêneros Swing, o Clássico, o Jazz, o R&B, o Funk e o soul, nos seus arranjos instrumentais sempre vibrantes, apresentados por um naipe afinado de metais, orquestra de cordas, bateria, teclados, guitarra e também o vibrafone.
Impressionante dizer que o “Som da Filadélfia” continua extremamente atual nos dias de hoje, parecendo até que acabou de sair do estúdio. Um som de vanguarda e de intensa qualidade. E que vai durar para sempre.
Muitos artistas foram formados nesta escola: os cantores Billy Paul, Lou Rawls, Teddy Pendergrass, os grupos The O’Jays, Harold Melvin & The Blue Notes, The Stylistics, The Tramps, The Three Degrees e muitos outros. Um verdadeiro “dream team”. 
Destaque também para os seus grandes mentores musicais, os produtores Kenny Gamble e Leon Huff, nomes importantíssimos e muito criativos, que fundaram a Philadelphia International Records, selo que virou grande referência desta sonoridade. E também merece destaque, o pianista, compositor, arranjador e produtor Thom Bell, outro gênio da música. 
O grupo MFSB, produzido por Gamble & Huff  é uma história à parte. A começar pelo nome, uma abreviação criativa de Mother, Father, Sister & Brother que lançou grandes discos, que viraram marca registrada desta fase.
Só para lembrar os discos “Love Is The Message” e “MFSB” (1973), “The Three Degrees  & MFSB” (1974), “Universal Love” e “Philadelphia Freedom”  (1975), “Summetrime”(1976), “MFSB – The Gamble – Huff Orchestra” (1978) e “Mysteries Of The World” (1980) são indispensáveis para aqueles que querem se aprofundar nesta sonoridade.
Tinham em mente apenas uma coisa: entrar no estúdio para arrasar quarteirões. Simplesmente uma orquestra de mais de trinta músicos sedentos por boa música realizavam o que podemos chamar de “música de qualidade”.  E os temas que gravavam  logo emplacavam nas paradas e caíam no gosto do público. E foram eles também que deram as boas vindas a “Era Disco”.  
MFSB – uma super banda/orquestra, referência musical forte e marcante na minha trajetória de vida.
 
Ian Calamaro – Standards
 
Tenho que confessar que descobri este CD meio sem querer, numa daquelas prazerosas e hoje quase raras visitas a uma loja de CD`S em São Paulo no Shopping Iguatemi (as lojas estão simplesmente desaparecendo infelizmente).
O cantor da noite paulistana Ian Calamaro lançou em 2011, numa parceria Maria Phulô/Sollua/Tratore o CD “Standards, A Fine American Songbook Selection”.
Um projeto muito bem elaborado deste “crooner” de voz grave e que teve muita personalidade nas interpretações dos doze temas, que soaram com refinamento e qualidade.
O repertório escolhido não traz grandes surpresas, somente os clássicos mais conhecidos, porém o trabalho foi muito bem produzido pelo competente saxofonista Hector Costita, que também assina a Direção Musical e merece destaque a participação do Maestro Antonio Carlos Neves Campos, que assinou os belos arranjos. A concepção musical foi executada por um septeto de músicos experientes, tendo a agradável companhia de alguns instrumentos de cordas.
Outro detalhe que me chamou a atenção foi a apresentação do CD e o seu encarte com um belíssimo projeto gráfico, inspirado nitidamente em trabalhos dos anos cinqüenta. E como falei no início, foi decisivo para despertar meu interesse em saber do que se tratava. Não me arrependi de escutar e confesso que fiquei surpreso.
Destaco os temas “They Can’t Take That Away From Me”, “Wichtcraft”, “A Foggy Day”,  as baladas “Cry Me A River” e “Georgia On My Mind” e num agradável ritmo de bossa, as canções “I Concentrate On You” e “Moonlight In Vermont”.
Um disco de estúdio que vai fazer você se sentir num aconchegante “night club”. Feito por um brasileiro apaixonado pelo Swing Jazz e pelas Big Bands. Merece o nosso crédito e admiração.
 
 
 
Kirk Whalum  – Romance Language
 
O saxofonista tenor, soprano e flautista Kirk Whalum, um dos mais influentes representantes do Smooth Jazz da atualidade, lançou recentemente o belíssimo CD “Romnce Language”, pelo selo Rendezvous – Mack Avenue Records.
O disco é uma homenagem ao saxofonista John Coltrane e ao cantor Johnny Hartman e teve como inspiração o álbum que ambos gravaram no ano de 1963 pelo selo Impulse ao lado do pianista Mccoy Tyner.
O preciosismo na homenagem foi tão grande que Kirk Whalum manteve a mesma ordem dos seis temas originais, acrescentando mais quatro temas, que mantiveram o clima romântico e inspirado do disco.
Gostei muito da regravação dos temas em estilo moderno e que tiveram a participação muito especial do seu irmão Kevin Whalum nos vocais (simplesmente sensacional e com um timbre marcante)  e mais onze músicos participantes.
Só para lembrar a ordem original: “They Say It`s Wonderful”, “Dedicate To You”, “My One And Only Love”, “Lush Life”, “You Are Too Beautiful” e “Autumn Serenade”. 
Com certeza a dupla Coltrane e Hartman aprovaria a repaginada musical feita quase cinqüenta anos depois por Kirk Whalum, um dos sopros mais consistentes e talentosos da nova geração de saxofonistas.
Uma mistura muito bem equilibrada do moderno “Smooth Jazz” com o Jazz mais tradicional. Um trabalho rejuvenescido e qualificado.

Postado em: 30/07/2012

 


Comentários
nadia sandra lepores ruiz
06/08/2012 11:16:06

De fato, o CD de IAN CALAMARO-STANDARDS, é de muito bom gosto, as músicas excelentes, os arranjos, a voz. Tudo se completa nessa "obra" maravilhosa que raramente nos dias de hoje vemos e ouvimos aqui no Brasil.Merece um destaque especial em todo esse trabalho magnífico realizado.PARABÉNS!!!!!!!!! Nádia, Domingos e Francisco Ruiz
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