O mapa da mina
Sempre tive vontade de voltar ao Rio de janeiro para fazer um roteiro um pouco diferente. O Rio é muito mais do que Copacabana, Ipanema, Corcovado e o Pão de Açucar. Ele é a cara, o corpo, o jeito e por que não dizer a cidade da Bossa Nova.
Pretendo fazer brevemente o roteiro da Bossa Nova acompanhado de um aliado muito especial debaixo do braço, apesar do peso e do tamanho.
Vou levar comigo o livro “Rio Bossa Nova – Um Roteiro Lítero-Musical”, do jornalista Ruy Castro, lançado pela Editora Casa da Palavra (numa reedição atualizada e bem mais completa daquela original lançada em 2006). Um verdadeiro Mapa da Mina, com vários segredos revelados.
Quero olhar para a janela da sala do prédio de Nara Leão na Avenida Atlântica em Copacabana, onde ali aconteceram os grandes encontros dos amigos da Bossa, caminhar em Ipanema e parar em frente ao prédio da Rua Nascimento Silva no. 107 (onde Tom Jobim morou por muitos anos e lá compôs várias das suas belas e inspiradas canções) e também pelo Beco das Garrafas (que atualmente está sendo revitalizado), sentar no Bar onde Tom e Vinícius avistaram a Garota de Ipanema e se inspiram para compor a mais famosa canção da música brasileira. E também ver o pôr do sol na Ponta do Arpoador e depois tomar um drink no Copacabana Palace. .
Quero sentir na pele e poder enxergar com os meus olhos todos os detalhes possíveis de uma geografia musical que faz parte da minha história de vida.
Muito bem organizado por bairros, o guia percorre todos os cantos da cidade, sugerindo endereços no Centro, Leblon, Ipanema, Copacabana, Lapa, Tijuca, Flamengo, Urca, Lagoa, Jardim Botânico, Gávea, Alto da Boa Vista, Barra, São Conrado, Leme, Arpoador e até na Ilha do Governador.
Como trata-se de uma verdadeira radiografia do Rio Bossa Nova, o guia facilita a escolha do leitor, que poderá decidir por conta própria, o roteiro de seu interesse.
Você vai poder também se deliciar com incríveis histórias contadas por quem entende do assunto e que é conhecido como uma das maiores autoridades sobre a Bossa Nova. Além da pesquisa sobre lugares com as informações mais importantes são oferecidas pelo autor algumas deliciosas histórias (não todas, é claro) daqueles locais mencionados.
Os outros segredos você terá que descobrir por conta própria.
Milton Nascimento & Jobim Trio – Novas Bossas
Lançado em 2008 pelo selo EMI, o Cd “Novas Bossas” reuniu o cantor Milton Nascimento com o Jobim Trio, formado por Paulo e Daniel Jobim, Paulo Braga e tendo como convidado especial Rodrigo Villa.
A idéia de gravarem juntos nasceu um ano antes em 2007, quando eles se encontraram para recordar Antonio Carlos Jobim, que faria na época 80 anos.
Foram selecionados 14 temas do repertório da Bossa Nova (algumas conhecidas de Tom, Vinícius e Caymmi) e também algumas composições de Milton Nascimento, como: “Tudo que Você Podia Ser”, “Cais” e “Tarde”, e mais o tema inédito “Dias Azuis” de Daniel Jobim.
De formato bastante intimista o Cd foi gravado integralmente no estúdio localizado na casa de Milton Nascimento, conhecido como Bituca`s Studio.
A parceria musical foi perfeita e o resultado pode ser medido quando escutamos as faixas do Cd.
Observo que quando Milton canta uma canção, parece que ele a renova, mesmo que ela tenha sido executada por diversas vezes.
E a sonoridade apresentada neste trabalho reforça a renovação que a Bossa Nova recebe dos seus intérpretes atuais, mesmo depois de cinqüenta anos.
A própria voz de Milton Nascimento incorporada neste trabalho é uma prova desta atualização natural.
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Famílias Caymmi & Jobim cantam Antonio Carlos Jobim – Falando de Amor
A idéia genial de reunir as Famílias Caymmi e Jobim para homenagear Tom Jobim foi de Nana Caymmi e não é que ela conseguiu ver o seu sonho realizado.
“Falando de Amor”, lançado em 2005 pelo selo Sony/Bmg, conseguiu juntar simplesmente Nana, Dori e Danilo (pela Família Caymmi) e Paulo e Daniel (pela Família Jobim), além de músicos convidados e pode ser definido como um Cd que tem o amor em forma de canção.
O repertório de dezesseis músicas foi escolhido com absoluto critério, destacando a paixão delicada de Tom pela mulher brasileira e pelo Rio de Janeiro.
Algumas raridades foram regravadas e merecem destaque: “Bonita Demais” que ganhou uma letra em português encontrada entre os papéis do acervo de Vinícius de Moraes e que na época foi tema de novela, “Esquecendo Você”, “Esperança Perdida”, “Para Não Sofrer” e a belíssima “Canção Para Michelle, que ganhou uma letra de Ronaldo Bastos.
Um trabalho atemporal, de extrema qualidade e que não teve nenhuma preocupação com o consumo violento e com o retorno imediato.
Simplesmente vai durar para sempre por ter duas famílias musicais, reunidas para fazer o que sabem de melhor: música de qualidade.
Postado em: 27/02/2012
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