GIGANTES DO JAZZ – CHET BAKER

GIGANTES DO JAZZ – CHET BAKER

GIGANTES DO JAZZ – CHET BAKER

Nesta semana, o nosso destaque vai para uma das maiores lendas do Jazz, o trompetista e cantor Chet Baker.
Até os dias de hoje as circunstâncias da sua morte são imprecisas, nos deixando dúvidas e várias versões foram sugeridas sobre o que realmente aconteceu.
Suicídio, acidente, assassinato são algumas das hipóteses possíveis, pois ele despencou estranhamente do 2º. andar do hotel onde morava na cidade de Amsterdam na Holanda, com apenas 58 anos de idade, mas com aparência de mais de 80 anos, principalmente em razão da sua dependência de drogas pesadas.
 
Ele foi um dos músicos mais importantes da sua geração e esteve sempre à frente do seu tempo. Além de tocar seu instrumento como poucos e com absoluta suavidade, Chet Baker também inovou ao colocar sua voz pequena, porém sempre bem colocada e muito afinada, inaugurando um estilo único, que influenciou vários artistas.
Foi um dos criadores na década de 50 do “Cool Jazz”, conhecido como uma música econômica, com poucas notas executadas e de sonoridade bem tranquila. Tocou ao lado dos maiores: com os saxofonistas Stan Getz, Charlie Parker e Gerry Mulligan, com o pianista Dave Brubeck e sempre foi um admirador do também trompetista Miles Davis.
 
A fase que mais admiro da sua carreira teve início em 1953 quando ele gravou seu primeiro álbum como líder para o selo Pacific Jazz, em que posteriormente registrou discos memoráveis. E foi nesta fase que ele recebeu o incentivo para cantar baladas, além de tocar. Fez isso com absoluta propriedade e talento, deixando uma grande marca.
No livro “Funny Valentine – The Story Of Chet Baker” com 830 páginas, escrito por Mathew Ruddick para a Editora Melrose Brooks, ainda sem tradução e que apresenta uma visão mais humana sobre o artista é possível encontrar uma destas histórias interessantes. Conta sua parceria no ano de 1966, com o pianista brasileiro João Donato, que na época estava nos Estados Unidos. Donato se apresentava numa temporada com seu trio em um clube noturno na cidade de Sausalito, na Baía de São Francisco, e tinha, como convidado especial, Chet Baker que cantava e tocava composições brasileiras de Edu Lobo e Antonio Carlos Jobim. Até que um dia chegou novamente atrasado (como sempre fazia), só que desta vez com um lenço sobre a boca toda ensanguentada em razão de uma surra que havia levado de 5 pessoas, provavelmente traficantes.
 
Depois desta noite trágica, não tocou mais da mesma forma, afinal perdera todos os dentes superiores da boca e o projeto do disco Donato/Baker que estava sendo planejado também não se realizou. Precisou usar dali em diante de uma dentadura, que o obrigou a desenvolver uma nova embocadura para tocar seu trompete.
As interpretações de Chet Baker em “My Funny Valentine”, “There Will Never Be Another You”, “When I Fall In Love”, “Everything Happens To Me”, “You Don't Know What Love Is”, “Stella By Starlight”, “I Thought About You” e “Forgetful”, são definitivas.
Chet Baker pode ser considerado cool, cult, ídolo do Jazz, e deixou como grande marca o timbre da sua voz suave, que se confundia com a sonoridade do seu trompete, ambos parecendo soar como um mesmo instrumento.

 

 

“Chet Baker Sings”

No ano de 1954, Chet Baker decidiu dividir sua carreira musical como trompetista e cantor, apesar de receber na época muitas críticas por esta decisão, pois ele já era considerado como um dos grandes trompetistas do Jazz.
Ele sabia o que estava fazendo e assim o fez com absoluta propriedade, quando lançou no ano de 1956, pelo selo Pacific Jazz, o disco “Chet Baker Sings”, que foi um grande marco, sucesso de vendas junto ao público, chegando a receber, inclusive, apoio da crítica especializada, da ala menos radical, que respeitou a sua decisão de ampliação de horizontes musicais.
 
Sua voz frágil, delicada, quase sussurrada, era muito afinada e se completou magicamente com o timbre do seu trompete no repertório escolhido das 14 faixas.
E, diz a lenda, que este disco mudou a vida de João Gilberto, que se encantou e mudou seu estilo de cantar depois de ouvir Chet Baker. E assim também o fizeram vários artistas.
 
Ele foi acompanhado nas gravações feitas entre os anos de 1954 e 1956, por Russ Freeman e Kenny Drew no piano, Sam Jones, George Morrow, Jimmy Bond e Carson Smith no contrabaixo, Philly Joe Jones, Peter Littman, Larance Marable e Bob Neel na bateria, entre os principais músicos.
Seleciono os temas cantados “But Not For Me”, “My Funny Valentine”, “There Will Never Be Another You”, “The Thrill Is Gone” e os instrumentais “That Old Feeling”, “Like Someone In Love”, “Time After Time” e “I Fall In Love To Easily”.
Seja tocando ou cantando, Chet Baker é um gênio.

 

 

“Rique Pantoja & Chet Baker”

O pianista, arranjador e compositor brasileiro, Rique Pantoja, radicado atualmente nos Estados Unidos, teve a honra de gravar e se apresentar e gravar por várias vezes ao lado do trompetista e cantor Chet Baker.
Um dos momentos mais marcantes desta parceria foi o lançamento aqui no Brasil, no ano de 1987, pelo selo WEA, do belo trabalho que leva o nome dos dois.
 
Na verdade, o disco começou a ser pensado quando eles dividiram o mesmo palco na edição do ano de 1985, do Free Jazz Festival, nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, e ali nasceu uma afinidade musical que os levou naturalmente para os estúdios das cidades de Roma, Rio de Janeiro e São Paulo, onde os “takes” foram gravados.
 
Além de Pantoja e Baker, participaram das gravações Michele Ascolese na guitarra, Mauro Senise nos saxofones e flautas, Sizão Machado e Marco Fratini no contreabaixo, Bob Wyatt e Roberto Gatto na bateria, Silvano Michelino e Stegfane Rossini na percussão.
Do repertório, destaco as 6 faixas do disco “Cinema 1”, “Saci”, “Arborway”, “So Hard To Know”, “Te Cantei” e “Depois da Praia”.
Vale lembrar que Rique Pantoja e Chet Baker já haviam se encontrado em estúdio no ano de 1980 em Paris, quando gravaram o repertório brasileiro instrumental ao lado do The Boto Brazilian Quartet, outro disco, sensacional.

 

 


Postado em: 16/02/2016

 


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