CHICO GOMES – UM GÊNIO DO CONTRABAIXO

CHICO GOMES – UM GÊNIO DO CONTRABAIXO

CHICO GOMES – UM GÊNIO DO CONTRABAIXO 

Tive a honra e a emoção de reencontrar na semana passada, ao lado do meu querido amigo Fabricio Spagnuolo, o contrabaixista Chico Gomes, depois de alguns anos.
Este músico, além de exemplo pelo grande talento e por sua apurada técnica inventiva, passou a ser para mim, um grande exemplo de vida e superação.
Para quem não sabe, Chico Gomes teve alguns anos atrás um problema muito sério de saúde, que quase tirou sua vida. Ele teve um rompimento da veia aorta do coração e 16 acidentes vasculares cerebrais. Isso mesmo, 16 “avc`s”, caso raro na história da Medicina. Conseguiu sobreviver a todos estes problemas e agora, aos poucos, retoma a carreira musical. Em poucas palavras, nasceu de novo.
Para chegar até aqui novamente, não foi nada fácil. Ele havia perdido todos os movimentos dos braços, das pernas, a fala, o andar, mas não perdeu sua coragem e determinação para voltar a fazer o que mais ama na vida, que é tocar o seu contrabaixo. Começou do zero literalmente. Ele apenas tinha preservado na memória toda a sua técnica e isso lhe ajudou muito na hora de dar o primeiro passo.
Como curiosidade, o guitarrista americano de Jazz, Pat Martino, também teve que começar sua carreira do zero, após um problema genético que fez perder totalmente a sua memória, no início dos anos 80. Graças a audição dos seus discos gravados e dos avanços tecnológicos dos computadores, depois de 7 anos ele conseguiu retomar sua carreira, revertendo sua memória musical e ele está ativo até os dias de hoje.
Tive a sorte de assistir ao vivo o contrabaixista Chico Gomes em algumas de suas apresentações memoráveis no Bourbon Street Music Club, em São Paulo, ao lado do pianista Hildebrando Brasil e do baterista Fernando Batera. Um trio que em todas as suas apresentações surpreendia com o melhor do Jazz e Bossa Nova, de uma forma única e rara. Se você pretendesse ouvir algo diferente, tinha que ouvir estes 3 caras tocando.
Sua carreira começou no início dos anos 70 e ele é o Pai da rara técnica do triplo domínio, que consiste na execução do baixo, da harmonia e da melodia, tudo isto num único instrumento. Para tal execução ele criou e mandou construir um contrabaixo especial de 7 ou 8 cordas. E acoplou também em suas apresentações uma guitarra Midi. Ao escutar o som, você imagina que são 3 músicos tocando. Coisas de gênio.
Uma triste constatação: pela sua técnica e inventividade, se estivesse fora do Brasil, estaria milionário. Aqui no Brasil, infelizmente, a falta de reconhecimento é muito grande e histórica. Seu talento é reconhecido pelos maiores músicos do planeta como o guitarrista Stanley Jordan (descoberto nas ruas de Nova York e que tem uma técnica de tocar parecida com a de Chico Gomes) e o baterista Billy Cobham, com quem inclusive se apresentou numa das edições do Free Jazz Festival nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro.
O Brasil tem grandes nomes do contrabaixo elétrico como Luizão Maia, Nico Assumpção, Arthur Maia, Sizão Machado, Arismar do Espirito Santo, Celso Pixinga, Silvio Mazzuca Jr. e os contrabaixistas acústicos Sabá e Luis Chaves. E o nome de Chico Gomes é presença garantida na lista dos melhores contrabaixistas de todos os tempos.
Ele diz que toca “a música brasileira jazzística” ou “a boa MPB com improvisação”. Pode acreditar, é muito mais que isso.
Para finalizar, nesta agradável noite de reencontro, foi selado um pacto para a valorização de um grande músico, que precisa deixar registrado de forma definitiva o seu legado. E que vai colocar o seu talento, no patamar de reconhecimento merecido. Sua técnica e metodologia serão acessíveis aos músicos do Brasil e do exterior, sejam eles principiantes ou profissionais.
Parabéns, Chico Gomes pelo talento e pelo belíssimo exemplo de vida e de superação. Você mostrou que é um gigante. Foi inesquecível sair daquele encontro e poder ver de novo o seu cativante sorriso no rosto, como nos velhos tempos

 
 

 

“Bebel Gilberto in Rio”

“Filho de peixe, peixinho é”, assim posso definir a cantora e compositora Bebel Gilberto, que é filha dos brasileiríssimos João Gilberto e Miúcha e sobrinha de Chico Buarque. Nascida nos Estados Unidos, em Nova York, ela durante muitos anos dividiu seus dias de vida entre os bairros de Manhattan e Ipanema e muito cedo começou na música. Também pudera, foram muitas as influências familiares.
Acaba de lançar pelo selo próprio Bebelucha, distribuído pela gravadora Biscoito Fino, no formato DVD e CD, ambos com 17 faixas, um registro ao vivo, que foi gravado no dia 5 de dezembro de 2012, em um grande palco montado ao ar livre na pedra do Arpoador, diante do mar de Ipanema, um dos mais belos cartões postais do Rio de Janeiro e que teve a direção de Gringo Cardia. Você vai ouvir belas músicas e assistir imagens sensacionais.
O local foi estrategicamente escolhido, pois ali a cantora cresceu e colecionou histórias maravilhosas. E como ela mesma afirma, o seu coração continua no Rio de Janeiro e a sua cabeça em Nova York.
Na carreira já atingiu a marca de mais de 2,5 milhões de discos vendidos, fazendo sucesso no mundo inteiro com a sua Bossa Nova revitalizada, cantando em português e em inglês.
O repertório deste trabalho traz todas as músicas de seu primeiro álbum e de seus outros trabalhos, uma versão atualizada muito bonita de “Preciso Dizer Que Te Amo”, “Bananeira”, “Samba da Benção”, “So Nice (Samba de Verão)” e as suas composições, “Mais Feliz”, “Tanto Tempo”, “Close You Eyes” e um dueto extra gravado em estúdio, ao lado de Chico Buarque em “Samba e Amor”.
Os músicos que a acompanharam foram Masa Shimizu no violão e contrabaixo, Jorge Continentino nos sopros e violão, John Roggie nos teclados, Sacha Amback nos teclados, Magrus Borges na bateria e Marcos Suzano na percussão.
Uma grande celebração da carreira desta americana bem brasileira.
 

 

Marcos Valle & Stacey Kent - “Ao Vivo”

Ele comemora 50 anos de carreira e é um dos principais intérpretes e compositores da Bossa Nova, sempre com uma jovialidade surpreendente. Ela apareceu na cena jazzística no ano de 1997, e logo despontou como uma das cantoras mais talentosas que surgiram nos últimos anos, sempre com uma grande admiração pelo Brasil.
Eles se admiravam musicalmente à distância, e quis a vida que um dia, se unissem para apresentações no mesmo palco.
Se encontraram pela primeira vez aqui no Brasil para um projeto musical que marcou as comemorações dos 80 anos do Cristo Redentor em 2011 e depois no ano seguinte para outro projeto, desta vez com 4 apresentações e a química musical que encontraram foi mágica e imediata. E deu tão certo, que resolveram gravar um disco juntos, registrado nesta temporada nas apresentações feitas no Rio de Janeiro, no palco da casa Miranda e lançado pelo selo Sony Music.
O disco ganhou uma sonoridade mais jazzística, reforçando a versatilidade da música de Marcos Valle, que ganhou uma interpretação suave e cheia de emoção de Stacey Kent.
Destaco as inéditas “Drift Away” e “La Petite Valse” e as revigoradas releituras de “Summer Samba”, “If You Went Away”, “Batucada” e “The Face I Love”, com um belo solo do marido de Stacey o saxofonista Jim Tomlinson, com nítidas citações de Stan Getz .
A banda foi formada por Luiz Brasil no violão, Alberto Continentino no contrabaixo, Renato Massa na bateria, Jessé Sadoc no trompete e flugelhorn, Marcelo Martins no sax e flauta, Aldivas Ayres no trombone, além de Marcos Valle no piano..
Como é prazeroso ouvir a Bossa Nova incorporada ao Jazz, numa mescla única e perfeita. CD indispensável e obrigatório.

Postado em: 09/07/2013

 


Comentários
marcos josé da silva
05/12/2013 11:46:18

Fui aluno do chico em 1990 a 1991 e tive o privilégio de ver ele começando a desenvolver o triplo domínio num baixo de cinco corda que ele havia adquirido lá fora no exterior através do grupo placa luminosa que fez a importação! Depois encomendou um baixo de 7 cordas ao luthier tiguez e mais tarde comprou outro baixo com o luthier ladessa! Falar do chico é fácil pois ele é de um caráter ilibado, uma pessoa super determinada e um exímio contrabaixista aprendí muito com ele e um detalhe me chama atenção até hoje: como professor ainda não ví ninguém como ele, o jeito a didática a maneira de como ele transmite a informação para o aluno é incrivel! Chico meu mestre que toca baixo e me ensinou a tocar guitarra! Abraços a todos!!!
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