ATÉ BREVE EMÍLIO SANTIAGO

ATÉ BREVE EMÍLIO SANTIAGO

ATÉ BREVE EMÍLIO SANTIAGO

O Brasil perdeu esta semana uma das maiores vozes de todos os tempos. Nesta última quarta-feira, dia 20 de março, no Rio de Janeiro, o cantor Emílio Santiago nos deixou.
Seu timbre de voz, grave e por vezes suave, um sorriso fácil e marcante, brilhou em mais de quarenta anos de carreira e eu o considerava como o maior intérprete da sua geração. Afinação e interpretação simplesmente impecáveis. Recebeu influências de cantores como Nelson Gonçalves, Cauby Peixoto e da Bossa Nova na voz e no violão de João Gilberto. E é inegável que o seu estilo de cantar serviu de referência para muitos cantores e o seu legado musical de mais de trinta discos e quatro DVD`s. vai continuar a influenciar as novas gerações.
Largou a carreira jurídica e se entregou totalmente a música no início dos anos 70, cantando na noite carioca como “crooner” de orquestras em bailes, boates e casas noturnas. Participou de diversos festivais de música, mas sua vida mudou mesmo, quando ganhou uma competição de calouros do Programa Flávio Cavalcanti, “A Grande Chance”, que tinha na época repercussão nacional. Um dos jurados do programa era Roberto Menescal que contou: “Eu votei nele. Ficamos amigos e ele chegou a gravar músicas minhas. Depois ele foi para a Polygram e ficou comigo lá uns sete anos, mas nunca consegui fazer um disco que achava que ele deveria fazer”.
Anos mais tarde, em 1988, o próprio Menescal produziu pela gravadora Som Livre, “Aquarela Brasileira”, projeto dedicado a regravar clássicos da MPB numa versão mais moderna e que rendeu mais sete discos da mesma série e que sem dúvida, foi determinante para o aumento da sua popularidade. E o mais curioso, foi descobrir com o próprio Roberto Menescal, que contou em seu livro de histórias, lançado em 2010, que Emílio Santiago não queria participar de jeito nenhum do projeto e foi convencido quando “Menesca” falou para ele que havia escolhido também mais duas pessoas que poderiam fazer o projeto e foi aí, ao saber disso, que ele aceitou na hora. Na verdade não existiam estas outras duas pessoas e Menescal conhecendo muito bem a personalidade de Emílio, sabia que a pressão daria certo. E deu muito certo, pois todos os discos ganharam discos de ouro e platina, atingindo no total mais de seis milhões de discos vendidos.
Outros trabalhos de Emílio Santiago que merecem destaque: “Feito para Ouvir”, de 1977 (seus terceiro disco) que foi reeditado em CD no ano de 2009 (Dubas Música), em 1995, lançou um disco primoroso homenageando o cantor e pianista Dick Farney, “Perdido de Amor”, o CD “Emílio Santiago encontra João Donato, do ano de 2003 (Lumiar Discos) num clima pra lá de intimista e o meu preferido “Bossa Nova” do ano de 2000, que inclusive foi lançado numa inesquecível versão em DVD, com uma gravação de gala ao vivo no mítico, Copacabana Palace. Seu último trabalho foi lançado em 2012, com a versão ao vivo em CD e DVD do disco gravado em estúdio em 2010, “Só Danço Samba” e que homenageou seu grande ídolo, conhecido como o “Rei dos Bailes”, Ed Lincoln, com quem trabalhou por alguns anos.
Emílio Santiago vai deixar muitas saudades e uma lacuna difícil de ser preenchida novamente. A sua música vai tocar e nos emocionar para sempre e está aí a grande magia da vida, temos que continuar e seguir em frente.
Ele estaria cantando neste final de semana em São Paulo como convidado de honra do pianista Cesar Camargo Mariano e da Orquestra Jazz Sinfônica do Estado de São Paulo, numa homenagem a Johnny Alf. Não houve tempo, uma pena.
A última gravação em estúdio de Emílio Santiago, feita poucos dias antes da sua internação no Rio, será lançada no CD do trompetista da sua banda, José Arimatéa, no início de abril. O disco é instrumental, mas tem uma faixa com a interpretação marcante do cantor. O tema é “Amanhecendo”, composição de Lula Freire e Roberto Menescal. E o próprio Menescal e seu parceiro Raimundo Bittencourt assinam a produção do disco. Curiosamente, no início e no ocaso da sua carreira, o “Menesca” se fez presente.  
E para finalizar com alegria, cito novamente Roberto Menescal que sempre falava para ele: “Rapaz, seu eu tivesse a sua voz...”, e o crítico musical Sérgio Cabral: “Finalmente, um cantor que canta” e também o cantor Ed Motta, que nas redes sociais, escreveu: “O maior cantor do Brasil, Emílio Santiago, partiu para o plano espiritual. Nos céus, ele sempre esteve. É um gigante”. Então, até breve, Emílio Santiago, vozeirão do Brasil.
 

 
 

 

Ray Charles - “Genius Loves Company”

Gosto muito do formato de gravações em “duetos”, assim como também fizeram com absoluto sucesso, os cantores Frank Sinatra e Tony Bennett.
Este CD “Genius Loves Company”, lançado pelo selo EMI no ano de 2004, foi o último trabalho em estúdio do pianista e cantor Ray Charles, conhecido como “gênio”. E foi o primeiro álbum que ele gravou em sua carreira neste formato só de “duetos”, mas infelizmente ele não pode escutar o resultado final do trabalho, pois ele faleceu antes do seu lançamento, que foi concluído pelos produtores John Burk e Phil Ramone.
E apesar do seu estilo de cantar e tocar piano ser conhecido pela diversidade de gêneros (Soul, R&B, Gospel) este CD é bem jazzístico e traz parcerias muito agradáveis e até surpreendentes. E o Jazz sempre esteve muito forte na sua carreira.
Destaco “You Don’t Know Me” ao lado de Diana Krall, “Fever” com Natalie Cole, “Hey Girl” (a minha preferida) ao lado de Michael McDonald, “Over The Rainbow” com Johnny Mathis, o blues “Sinner`s Prayer” ao lado de B.B. King e o gospel “Heaven Help Us All” com Gladys Night.
Norah Jones, James Taylor, Elton John, Bonnie Rait, Willie Nelson e Van Morrison, também deixaram suas marcas no projeto.
Uma despedida em grande estilo. Alegre, marcante e que pode ser considerada como uma grande celebração da música. Ele merecia receber este presente. E nós também, que ganhamos este trabalho e assim poderemos eternizar seu grande talento e sua música, sempre atemporal.
 

 

Bill Evans Trio – “Explorations”

Atendo um pedido do meu prezado amigo Sérgio Paulo Bueno de Camargo, um grande fã do pianista Bill Evans, que é considerado como um dos principais nomes do seu instrumento na história do Jazz. Participou inclusive, do álbum “Kind Of Blue” como integrante do famoso quinteto de Miles Davis, no ano de 1958, que se tornou referência obrigatória do gênero do improviso.
Infelizmente teve uma carreira curta, pois faleceu muito jovem, com apenas cinquenta e um anos de idade no ano de 1980. Mesmo assim, marcou sua trajetória com sua técnica precisa e uma sonoridade sempre de vanguarda. Muito estudioso e inteligente, ele recebeu influências de Bud Powell e da música clássica de Ravel, Debussy e Chopin, trazendo esta mistura de influências para o mundo do Jazz.
Destaco o CD “Explorations”, lançado em 1961 pelo selo Riverside, ao lado do seu trio mais coeso, em minha opinião, formado pelo surpreendente e talentoso Scott LaFaro no contrabaixo e por Paul Motian na bateria. Esta formação durou de 1959 a 1961, e foi encerrada abruptamente após a morte de LaFaro, com apenas vinte e cinco anos, fato que muito o abalou.
 Uma característica muito interessante de Bill Evans era a liberdade que ele dava aos seus parceiros nos improvisos e neste trabalho você poderá conferir isso de forma muito clara.
Os temas “Israel”, “Beautiful Love”, “Elsa”, “Nardis”, “How Deep Is The Ocean?”, “Sweet And Lovely” e a faixa bônus, “The Boy Next Door”, destaco como os principais.
Bill Evans foi um pianista elegante e sofisticado e inspirou diversas gerações de pianistas como Herbie Hancock, Chick Corea e Keith Jarret e até os dias de hoje, continua sendo cultuado e venerado por aqueles que o consideram como um dos pianistas mais influentes de todos os tempos.

 

Postado em: 25/03/2013

 


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